No início deste ano, a notícia de que, pela primeira vez na história, um homem tinha recebido o transplante de coração de um porco animou médicos e pacientes. Em março, porém, David Bennett morreu, e os cientistas envolvidos na cirurgia inédita começaram a investigar a razão do óbito. Ontem, divulgaram que o órgão usado no procedimento continha um vírus, o que pode ter contribuído para o desfecho não desejado.
Em uma reportagem publicada no periódico MIT Technology Review, especialistas revelaram que o coração de Bennett foi afetado pelo citomegalovírus suíno. "Estamos começando a entender por que ele faleceu", disse Bartley Griffith, docente da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e um dos cirurgiões responsáveis pelo transplante.
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Doença grave
Bennett tinha uma doença cardíaca grave e estava à beira da morte quando recebeu, em 7 de janeiro, um coração de porco geneticamente modificado. Alguns dias depois do transplante pioneiro entre espécies, ele já conseguia sentar na cama, e seu órgão novo funcionava e bombeava como uma "estrela do rock", declarou, na ocasião, Griffith.
Cerca de 40 dias depois, porém, Bennett, que tinha 57 anos, apresentou pioras constantes e morreu algumas semanas depois. Em um comunicado divulgado pela universidade americana, um porta-voz da instituição de ensino informou que "não havia nenhuma causa óbvia identificada no momento da morte" e que um relatório completo seria revelado em uma revista científica.
À época, Muhammad Mohiuddin, diretor científico da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, expressou gratidão a Bennett "por seu papel único e histórico em ajudar a contribuir com uma vasta gama de conhecimentos para o campo do xenotransplante".