Cerca de 8 milhões de mortes por ano são relacionadas ao tabagismo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Dessas, 1,2 milhão (15%) são decorrentes da exposição ao fumo passivo, ou seja, de pessoas que não fazem uso do cigarro, mas por conviver com quem fuma acabam inalando as substâncias nele contidas.
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"Por esses e outros motivos, o tabagismo, hoje, é considerado uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde", destaca. A nicotina, explica o médico, ao atingir o sistema cerebral, gera sensação de bem-estar e relaxamento. "Entretanto, com o passar do tempo, o organismo começa a ficar dependente e tolerante em relação a ela, o que leva o tabagista a ter necessidade de fumar cada vez mais", completa.
Câncer
Em relação aos diferentes tipos de câncer que podem surgir por conta do tabagismo, o maior risco é o de pulmão, mas outros como o de boca, esôfago, e até mesmo de bexiga também são possíveis perigos. Segundo Daiana Ferraz, oncologista clínica da Cetus Oncologia, as toxinas do cigarro, ao serem ingeridas e passarem pelo corpo, vão causando danos por muito tempo às células do organismo.
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"Elas sofrem mutações e podem se transformar em células cancerosas", pontua. Assim como Marcelo, a médica reforça que os fumantes passivos também possuem riscos de contrair não só o câncer como outras doenças do trato respiratório.
Tratamento
Daiana ressalta que os pacientes tabagistas necessitam de cuidados diferenciados, caso queiram se livrar do vício. "O tratamento é multifatorial, então, é importante, por exemplo, a terapia em conjunto com diferentes profissionais da saúde, como psicólogos, pneumologistas, assistentes sociais. Juntos eles auxiliarão o paciente na conscientização sobre a dependência e mudança de hábitos".
Um dos modelos de tratamento mais utilizados hoje, segundo Ferraz, é o de Prochaska e DiClemente, desenvolvido no final da década de 1970 pelos pesquisadores norte-americanos James Prochaska e Carlo Diclemente. O estudo traz os estágios motivacionais que precisam ser superados por quem deseja eliminar vícios, dependências ou obsessões.
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As etapas do tratamento incluem pré-contemplação, contemplação, preparação para a ação, ação, manutenção e saída definitiva ou recaída. "Caso haja recaída, o ciclo se inicia", destaca a oncologista. Cada um dos estágios possui uma definição e uma abordagem recomendada, dessa forma, o paciente passa por todas as etapas para enfim deixar o cigarro no passado.
"Cerca de 80% dos fumantes querem parar de fumar, mas somente 3% conseguem a cada ano, sem ajuda profissional. De um modo geral, quando conseguem definitivamente, as pessoas já fizeram em média 5 tentativas. É um processo, às vezes, demorado e, sobretudo, individualizado, bastante subjetivo", diz Daiana.
"O mais importante é que todos recebam o apoio dos amigos e entes queridos, para que sintam determinados e encorajados a não desistir. Não podemos esquecer que o vício, seja ele qual for, é inerente à natureza humana, portanto pode prejudicar a todos nós. Logo é necessário empatia com quem tenta se libertar", finaliza a médica.
Tratamento em Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, o tratamento do tabagismo é ofertado em todos os Centros de Saúde, e as abordagens são realizadas por profissionais da equipe de saúde da família (Nasf) e Academias da Cidade. Os pacientes são convidados a participar da Palestra Motivacional, momento de sensibilização em que são esclarecidos os malefícios do tabagismo, os benefícios da interrupção e como a será a condução do tratamento.
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A participação na sensibilização serve como requisito para a avaliação clínica, em que serão avaliados o histórico tabagístico, necessidade de uso de medicamentos, nível de dependência à nicotina, entre outros. Os pacientes que querem parar de fumar devem procurar os profissionais das unidades de saúde de sua referência para obter informações sobre o tratamento.