O cigarro eletrônico vem se popularizando entre os jovens no Brasil, porém, causa sérios danos à saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar no Brasil. Por isso, o Disque Denúncia Unificada (181) encontra - se disponível para os cidadãos denunciarem, de forma anônima, postos de venda ilegais do produto.
Os locais que insistirem em vender o produto, podem ser multados, ter os materiais apreendidos e pode haver até mesmo a interdição parcial ou total do estabelecimento que comercializa.
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Contra pobreza menstrual, jovem paranaense cria absorvente biodegradávelCirurgia bariátrica pode diminuir risco de câncer em pessoas obesas Bebês de gestantes com COVID podem ter problemas nas funções motorasUso de cigarros eletrônicos pode causar disfunção erétil em homens'É como fumar 20 cigarros por dia': os riscos dos cigarros eletrônicos que viraram 'moda' entre jovens e adolescentesCaso Lucas Viana: vape pode causar infarto e síndrome coronariana agudaSegundo o superintendente de Integração e Planejamento Operacional da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), Bernardo Naves, essa atividade também pode gerar uma pena de reclusão de um a cinco anos. "Se alguém tiver informações sobre pontos de venda desses itens, a pessoa pode denunciar anônima e gratuitamente pelo 181. Dentro de 90 dias, o denunciante poderá ter o retorno sobre quais ações as polícias promoveram a partir da sua denúncia”.
Cigarro eletrônico e os perigos à saúde
É conhecido por diversos nomes, como vap, pod, vaper, e-ciggy e e-pipe. Pesquisas desenvolvidas sobre o cigarro eletrônico, inclusive comparando suas consequências com outras modalidades de fumo, mostra efeitos prejudiciais à saúde, podendo causar complicações respiratórias e cardiovasculares, além de dependência.
Esses dispositivos nasceram em 2003, com intenção de ajudar dependentes químicos do tabaco a parar de fumar, pois supostamente, continha menos nicotina do que outros tipos de fumo comuns. Porém, com o tempo, pesquisadores foram percebendo que ele não era livre de nicotina, e em alguns casos, tinha até mais do que a regulamentação da Anvisa permite para o cigarro branco, que é de 1mg por unidade.
Também foram observadas outras substâncias, potencialmente tóxicas e até mesmo cancerígenas. Justamente por isso que o cigarro eletrônico pode causar dependência, e o que deveria funcionar como uma “porta de saída” para o cigarro comum, acaba produzindo o efeito contrário, principalmente em jovens.
Maurício Góes, médico intensivista, pneumologista e secretário geral do Sindicato dos Médicos do Estado de Minas Gerais (Sinmed MG), ressalta sobre o perigo do uso do cigarro eletrônico. “ A faixa de 13 a 17 anos está no topo de buscas pelo produto, devido a falsa impressão de que não faz mal'', explicou.
Ele esclareceu ainda as substâncias presentes no vaper. “ A gente sabe que tem nicotina e outras substâncias químicas, até mesmo cancerígenos comprovados para pulmão, bexiga, esôfago e até estômago. Além disso, já foi relatado em outros países, risco de explosões do aparelho e intoxicação”.
O médico acredita que boa parte da fama do cigarro eletrônico venha da estratégia de divulgação utilizada pela indústria. “ A indústria do tabaco vê nas fábricas de cigarro eletrônico justamente uma oportunidade de passar para esses jovens a mensagem de que ele não faz mal e induz o grupo à dependência da nicotina”, explicou.
“Foram duas estratégias: primeiro eles falaram que o cigarro eletrônico funcionaria como uma redução de danos no organismo em relação ao cigarro convencional, porque a quantidade de nicotina era menor, mas já sabemos que não é isso. A segunda jogada foi que esses produtos não continham monóxido de carbono (CO), e assim seria possível utilizá - los em ambiente fechado”, completou.
Evali
As consequências a longo prazo do cigarro eletrônico, além das doenças já citadas, podem trazer à tona a doença chamada “Evali”. Evali é uma lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico, sendo descrita pela primeira vez em 2019, nos Estados Unidos, em usuários de vaping. Acredita-se que tenha relação com um diluente utilizado nesses dispositivos que afetam o pulmão, causando um tipo de reação inflamatória no órgão.
Em um estudo publicado no periódico Thorax, foi revelado que o vapor emitido por cigarros eletrônicos pode ser responsável por desativar as principais células do sistema imunológico no pulmão e aumentar as inflamações no organismo.
Maurício argumenta sobre a Evali “ é uma inflamação aguda, que pode levar inclusive pacientes até unidades de terapia intensiva. Pode acarretar fibrose pulmonar e até mesmo pneumonia e insuficiência respiratória. Em 2020 nos EUA, foram relatados mais de 2500 casos de Evali, em homens em torno de 24 anos”, disse.
Por fim, não somente a substância contida no cigarro eletrônico, mas também a contaminação da superfície do produto, devido ao compartilhamento “ de boca em boca”, pode causar doenças. “ Além da própria substância, o compartilhamento desse produto entre amigos e colegas, pode trazer doenças como herpes, fungos e outros vírus como o COVID-19 e em casos mais sérios, até sífilis”.