Jornal Estado de Minas

AVC

Aneurisma: entenda doença que matou irmã da vencedora do BBB, Juliette


A ex-BBB e vencedora do reality em 2021, Juliette Freire, lançou, no início deste mês, uma música em homenagem à irmã que morreu aos 17 anos vítima de um aneurisma cerebral, doença que, de acordo com dados populacionais de estudos científicos, tem estimativa de acometer entre 2% a 4% da população mundial. Só no Brasil, segundo o Centro Nacional de Informações do Registro Civil, em 2021, aconteceram 84.426 óbitos por acidente vascular cerebral (AVC).



Informações do DataSUS mostram que, entre 2011 e 2021, o número de mortes por AVC em pessoas com menos de 50 anos aumentou 17,90% no Brasil, passando de 18.919 óbitos para 22.305. Até abril deste ano, 7.515 pessoas nesta faixa etária já perderam suas vidas em decorrência de um AVC.

Segundo o médico neurocirurgião mineiro, Felipe Mendes, a doença é uma dilatação que se forma em uma porção enfraquecida da parede das artérias responsáveis por levar o sangue até ao cérebro. Essa dilatação, por ser mais frágil, possui um maior risco de se romper, causando o extravasamento de sangue dentro do sistema nervoso, levando a um quadro de acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.

De acordo com ele, os sintomas dos aneurismas cerebrais normalmente são silenciosos. "No caso do aneurisma cerebral, como o que a irmã de Juliette teve, os sintomas normalmente se manifestam apenas durante o momento da ruptura do vaso. É comum apresentar uma dor de cabeça muito forte e repentina, associada à sensação de pescoço travado. Esses sinais também podem vir acompanhados de náuseas, vômitos, sonolência excessiva, crises convulsivas ou perda da consciência.



Em até cerca de 10% dos casos, o aneurisma cerebral possui uma influência familiar. Algumas doenças também apresentam uma incidência elevada de desenvolvimento de aneurismas, como a doença do rim policístico. Além disso, Felipe Mendes ressalta que a hipertensão arterial e tabagismo também são conhecidos fatores de risco.

"A doença pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais raro na infância e adolescência e mais comum em adultos a partir dos 40 a 60 anos de idade, e são mais prevalentes nas mulheres."

Para se ter certeza sobre o diagnóstico do aneurisma cerebral são realizados exames como a tomografia computadorizada e angiotomografia, a ressonância magnética ou angiorressonância e a angiografia digital.

Tratamento

O tratamento, segundo o neurocirurgião, depende de alguns fatores como idade, história familiar, presença de condições de risco, localização e tamanho dos aneurismas. Muitos casos podem apenas ser acompanhados sem necessidade de nenhuma intervenção.



O tratamento, segundo o neurocirurgião Felipe Mendes, depende de alguns fatores como idade, história familiar, presença de condições de risco, localização e tamanho dos aneurismas (foto: Ana Slika/Divulgação)
"Para aqueles que necessitam de tratamento, há, hoje, a possibilidade de realização da embolização ou microcirurgia para clipagem", ressalta.

Recentemente, foram realizadas as primeiras cirurgias para aneurisma cerebral com paciente acordado.

Felipe Mendes conta que esse tipo de cirurgia já é bem estabelecida para o tratamento de alguns tipos de tumor cerebral, mas para aneurisma ainda é algo raro, pois as pessoas têm receio de realizar essa cirurgia com precisão.

"Um ponto importante é que esse tipo de intervenção tem como benefício saber em tempo real se algum lado do corpo ou a fala do paciente sofreu alguma alteração. A clipagem - a implantação de clipes metálicos na porção dilatada desses vasinhos - é feita tradicionalmente quando o paciente está completamente anestesiado. Coloca-se o clipe e só há a confirmação se houve alguma sequela quando o paciente desperta da anestesia, podendo acordar com dificuldade de falar ou de movimentar algum lado do corpo."

Quando a operação é feita com o paciente acordado, instantaneamente é possível prever se houve ou não algum prejuízo, e dessa forma é possível modificar a colocação do clipe, com mais garantia e segurança ao procedimento, e um menor risco de sequelas.