Uma pesquisa realizada pela Universidade do Novo México (UNM), nos Estados Unidos, aponta que usuários de maconha são mais empáticos, morais e pró-sociais do que os não usuários. Este é um dos primeiros estudos a mostrar os benefícios psicossociais e não clínicos do uso de cannabis entre jovens adultos saudáveis.
O estudo 'Cannabis consumption and prosociality' (Consumo de cannabis e pró-socialidade, em tradução livre) publicado na revista Scientific Reports em 19 de maio, analisou o funcionamento psicológico de estudantes universitários saudáveis com níveis variados de tetrahidrocanabinol (THC) na urina.
Em comparação com os não usuários, os jovens adultos com exposição recente à cannabis pontuaram significativamente mais em medidas padronizadas de comportamentos pró-sociais, empatia e tomada de decisões morais baseadas em princípios de garantia de inocuidade e senso de justiça.
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"Quase nenhuma atenção científica formal foi dedicada à compreensão de outros efeitos psicológicos e comportamentais do consumo da planta, apesar de ser tão amplamente utilizada ao longo da história humana", acrescentou.
As recentes descobertas da pesquisa sugerem que a cannabis pode causar uma mudança de autoconceitos mais egocêntricos para um maior senso de altruísmo e responsabilidade de proteger os outros de desfazer danos.
Entre os homens, os usuários de cannabis também pontuaram mais alto na dimensão "amabilidade" da personalidade. A maioria das diferenças observadas nas medidas de pró-socialidade entre usuários e não usuários de cannabis foi correlacionada com a duração do tempo desde que os participantes usaram cannabis pela última vez, sugerindo que os efeitos são transitórios.
"A transitoriedade dos efeitos sustenta que a cannabis está provocando mudanças comportamentais e perceptivas, em vez de que usuários e não usuários de cannabis diferem fundamentalmente em suas abordagens básicas para interações sociais", disse a coautora e professora associada Sarah Stith, do Departamento de Economia da UNM.
Usuários e não usuários de cannabis não mostraram diferenças nas medidas de raiva, hostilidade, confiança nos outros, interpretação de ameaça facial, as outras quatro dimensões restantes da personalidade (extroversão, conscienciosidade, estabilidade emocional e abertura) ou tomada de decisão moral fundamentada em princípios de respeito à autoridade e preservação do conceito de pureza.
"Estou honrado por fazer parte desta pesquisa inovadora que mostra que a cannabis pode ter benefícios sociais significativos", disse a coautora Tiphanie Chanel.
"Espero que este trabalho possa ajudar a pavimentar o caminho para explorar mais plenamente os efeitos da cannabis nas interações humanas e no bem-estar", completou ela.
"Costumo me referir à planta Cannabis como um supermedicamento, em relação à maioria dos outros produtos farmacêuticos convencionais, porque não é apenas eficaz para tratar os sintomas de uma ampla gama de condições de saúde, de forma rápida e relativamente segura, mas agora temos evidências concretas que também pode ajudar a melhorar a saúde psicossocial da pessoa média", disse Vigil.
"A pró-socialidade é essencial para a coesão e vitalidade geral da sociedade e, portanto, os efeitos da cannabis em nossas interações interpessoais podem eventualmente provar ser ainda mais importantes para o bem-estar social do que seus efeitos medicinais", pontuou o cientista.