Mesmo que uma mulher adulta decida e queira engravidar, ela vai encontrar problemas e dificuldades físicas e emocionais durante a gestação. Quando se trata de uma criança de 11 anos, grávida, vítima de um estupro, os riscos são mais que multiplicados.
A discussão ganhou força esta semana depois que a juíza Joana Ribeiro Zimmer teria induzido uma menina de 11 anos, vítima de estupro, a não realizar o procedimento de aborto. A juíza defendeu à época a tese de que o aborto não pode ser realizado após o prazo de 22 semanas de gestação. Ela disse que o procedimento, após esse período, "seria uma autorização para o homicídio".
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A ginecologista do Hospital Semper, Ana Inês, explicou as consequências físicas e psicológicas de uma gravidez em uma garota como a de Santa Catarina.
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A especialista esclarece que uma gestação que ocorre entre 10 e 18 anos é de risco. "Quanto mais nova for, maior é o risco. Uma menina de 11 anos ainda está em fase de desenvolvimento, sem nenhum preparo físico ou mental para cultivar uma gravidez", explica a médica.
Riscos
Segundo a ginecologista, os riscos de uma gravidez precoce incluem abortamento, pela falta de preparação do organismo, pré-eclâmpsia, anemia, já que a criança não tem nutrientes suficientes para nutrir dois corpos e diabetes gestacional. Além disso, há uma desproporção quando um corpo não desenvolvido, sem estrutura óssea ou muscular, precisa suportar o peso e nutrir um bebê.
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Sequelas
"Apesar de a gente chamar de riscos gestacionais, essas alterações deixam sequelas na vida futura de uma criança. É muito triste ver uma vida interrompida e corrompida tão cedo, é muito triste ver uma criança gerando outra criança, amamentando outra criança, sem a maturidade e noção de responsabilidade que uma mãe adulta tem", conclui Ana.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.
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