Jornal Estado de Minas

SAÚDE

Obesidade deve crescer 46% até 2030 sem políticas efetivas contra a doença

Assim como a COVID-19, a obesidade é considerada uma pandemia mundial, um problema de saúde pública, que está associado ao desenvolvimento de muitas outras doenças, como hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares e musculoesqueléticos, depressão e ansiedade.





 

Essa comorbidade é responsável por mortes prematuras, reduzindo a expectativa de vida das pessoas afetadas. Espera-se que, na ausência de políticas públicas ou privadas efetivas, a taxa de obesidade no país continue a crescer 5% ao ano (taxa entre 2003 e 2019) e que a prevalência pode atingir a marca de 46% em 2030.

 

Dada a gravidade dessa tendência, o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) encomendou dois estudos específicos sobre o tema para mostrar seu impacto na evolução dos custos. Ambos apresentados na quarta-feira (22/6), durante o seminário "Obesidade no Brasil: impactos sociais e econômicos e como vencer essa pandemia", evento híbrido realizado na sede da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) com a presença de especialistas.

 

Intitulado "Cenários para o futuro: como o aumento da prevalência da obesidade entre beneficiários pode impactar a sustentabilidade da saúde suplementar", o estudo projeta um panorama base para 2030, tanto do crescimento do PIB per capita quanto das despesas com saúde dos beneficiários de planos de saúde.





 

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Como cenário alternativo, consideram-se intervenções bem-sucedidas, visando a prevalência da obesidade à metade em 2030, para 13,4% em vez de 46%. Nessa situação, a taxa de prevalência da obesidade se reduziria a 3,7% ao ano nesse período.

 

"Sabemos que é muito difícil conseguir redução da prevalência da obesidade, ainda mais nesse ritmo. O propósito dos estudos foi o de mostrar os impactos dessa tendência de aumento da prevalência da obesidade, que levou o Fórum de Davos a equipará-la a uma pandemia mundial", comenta o superintendente executivo do IESS, José Cechin.

 

Segundo Cechin, os impactos são expressivos. "Enquanto o PIB per capita cresce modestissimamente nesse período - será com alegria que reconheceremos o erro se crescermos, como deveríamos, as taxas mais altas os custos assistenciais per capita passam de R$ 2,2 mil em 2020 para R$ 3,1 mil, em 2030 (crescimento de 42%, em contraste com aumento de apenas 7,7% do PIB no período)", afirma.





 

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"Esses números podem e devem ser aperfeiçoados e deve ser objeto de intensos debates. Mesmo que contenham certa imprecisão, são suficientemente significativos para recomendar ação e políticas que visem a contenção e mesmo redução dessa escalada da obesidade", continua Cechin. O estudo adota como parâmetros que o percentual de custos atribuíveis à obesidade representa 9,3% dos gastos registrados com saúde na saúde suplementar, o que deriva do fato de o número de procedimentos de cirurgias bariátricas realizados na saúde suplementar é cerca de cinco vezes maior que os realizados pelo SUS.

 

Custos diretos com obesidade na saúde suplementar

 

Outro estudo encomendado pelo IESS, realizado pela Orizon, apresenta dados e informações de custos diretos e atribuíveis à obesidade grave e mórbida no sistema de saúde suplementar do Brasil. Mostra que o custo por beneficiário representa R$ R$ 33 mil por ano e que 22% dos sinistros, entre 2015 e 2021, (R$ 4,8 bilhões) estão relacionados a consequências diretas com a doença.

 

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A base do estudo contempla dados de faturamento de nove milhões de beneficiários (cerca de 19% do total de vínculos da saúde suplementar). Das 80 mil pessoas estudadas com obesidade grave ou mórbida, observou-se que 60% dos gastos das operadoras são com o público feminino e 32% masculino. Constatou-se, ainda, que o diabetes tipo 2 é a doença que mais custa para o sistema entre as comorbidades que podem ser prevenidas com a obesidade.

 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.