O mês de junho é dedicado a celebrar os sobreviventes do câncer. O que é ser um sobrevivente? Guardadas as devidas proporções, o médico austríaco, de origem judaica, Viktor Frankl, professor de neurologia e psiquiatria na Universidade de Viena e fundador da terceira escola vienense da psicoterapia – a logoterapia e análise existencial –, escreveu o livro "Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração", um best-seller do século 20. Na obra, ele conta como sobreviveu a quatro campos de concentração nazistas entre 1942 e 1945.
Ao ler a inimaginável experiência de vida de Frankl e os relatos da crueldade aplicada por homens desumanos é impossível não se impactar. Se não chegar ao ponto de se transformar, ao menos o fará sentir vergonha das vezes em que se reclama e se ressente dos desconfortos e frustrações da vida. Em cada parágrafo, ele alerta o leitor para a responsabilidade que cada um tem perante si e a vida, por mais trágica e dolorosa que seja.
O avanço da ciência, a medicina de precisão, com tratamentos cada vez mais individualizados, têm contribuído para o aumento das taxas de cura do câncer. Estudo da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc), divulgado em 2021, intitulado Globocan, feito em 185 países, estima que no Brasil, em números de prevalência nos últimos cinco anos, 1,5 milhão de pessoas vivem com câncer. Globalmente, são esperados 28,4 milhões de novos casos de câncer em 2040, um aumento de aproximadamente 47% em relação a 2020.
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Diante de um assustador diagnóstico de câncer, se é uma sentença de morte para muitos para tantos outros é uma luta pela sobrevivência, o começo de uma nova vida, de uma outra vida.
A artesã Joana D’Arc Thibau, de 45 anos, nos últimos oito anos foi diagnosticada com câncer quatro vezes. Nesse período, ela enfatiza que o apoio irrestrito e incondicional do parceiro, o empresário Júlio César Thibau, de 51, foi oxigênio extra para que ela aumentasse suas forças e revigorasse a vontade de viver para vencer a doença. Uma história de amor que sobrevive às barreiras e obstáculos que a vida os tem desafiado.
BIÓPSIA A luta de Joana começou em 2014. Apesar de não ter identificado nenhum caroço na mama direita, a artesã percebeu que ela estava enrijecida. Da consulta com a ginecologista foi, prontamente, encaminhada ao masto- logista. “Ele solicitou uma biópsia e veio o diagnóstico: câncer do tipo lobular, que começa nas glândulas produtoras de leite. Por isso, a identificação imediata é um pouco mais difícil que os outros”, explica Joana, acrescentando que, na ocasião, o tumor já havia comprometido todo o mamilo e tinha aproximadamente 10 centímetros.
Ao saber do diagnóstico, ela fez duas únicas perguntas ao médico: se ainda havia tempo de sua vida ser salva e o que era preciso fazer para chegar até a cura.
O caminho não foi nada fácil: 16 sessões de quimioterapia e, na sequência, cirurgia acompanhada de 30 sessões de radioterapia. “Em todas elas, Júlio, que na época ainda não era casado comigo, estava ao meu lado, na sala de infusão, me acompanhando. Ele abria mão de qualquer compromisso, até de ir ao trabalho. Lembro-me, inclusive, de que minha mãe se ofereceu para que eu ficasse na casa dela durante o tratamento. Ele agradeceu, mas disse que era tarefa dele cuidar de mim”, revela Joana.