Jornal Estado de Minas

CIRCULAÇÃO

Síndrome do túnel do carpo: formigamento e dor nas mãos merecem atenção


Muita gente já experimentou a sensação das mãos formigando, o que acontece, geralmente, quando se passa muito tempo com o punho em uma mesma posição. Isso pode acabar bloqueando a circulação do sangue no local. Outras pessoas, porém, convivem com esse incômodo todos os dias. É o que acontece quando se tem uma condição chamada síndrome do túnel do carpo. Trata-se de uma doença que comprime o nervo mediano no canal do carpo, uma estrutura anatômica que fica entre a mão e antebraço. Essa compressão é a responsável pelo desconforto na região.



São mais de 150 mil casos por ano só no Brasil, com prevalência em cerca de 8% da população mundial. A síndrome pode atingir tanto homens quanto mulheres, mas é mais comum em mulheres na faixa etária entre 30 e 50 anos. É o que informa o médico neurocirurgião Felipe Mendes.

De acordo com o especialista, que é membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, os principais motivos que levam à doença são lesões por esforço repetitivo, causas inflamatórias, como a artrite reumatoide, e hormonais, como gestação, hipotireoidismo e diabetes.

É o caso da Margarida Gomes, de 70 anos, que descobriu a síndrome há cerca de oito meses. Ela sentia dormência e coceira no local, principalmente à noite ou quando realizava algum trabalho manual.

"Em uma conversa com o cardiologista, eu relatei o problema. Ele solicitou alguns exames para investigar o que estava acontecendo e saber se realmente se tratava da síndrome do túnel do carpo. O resultado, infelizmente, não só apontou a doença como também que o tratamento deveria ser através da cirurgia", conta.



"Como não existe uma medida preventiva concreta, é necessário que o paciente esteja atento aos movimentos que realiza durante o dia", orienta o neurocirurgião Felipe Mendes sobre a síndrome do túnel do carpo (foto: Ana Slika/Divulgação)
Os principais sintomas, de acordo com o médico, são a sensação de choque e de formigamento na região, principalmente no período da noite. "Ao longo do tempo, com a evolução da síndrome, o paciente começa a ter dificuldade em executar tarefas simples, como segurar alguns objetos, por exemplo, e pode perder a sensibilidade dos dedos, ter alteração da sudorese nas mãos e dor irradiada também para os braços."

Para averiguar se o paciente possui a patologia, Felipe Mendes explica que podem ser feitos dois exames físicos: o de Tinel e o de Phalen. O primeiro consiste em percutir o nervo mediano. Se estiver comprometido, a sensação será de choque e formigamento. "No segundo se dobra o punho e o mantém fletido durante um minuto. Como essa posição aumenta a pressão intracarpeana. Se houver compressão do nervo, os sintomas pioram", diz.

Além dos dois exames físicos, o médico pondera que alguns exames, como ultrassonografia ou eletroneuromiografia, podem ser solicitados pelo especialista que acompanha o caso.

Já o tratamento é feito por meio do uso de dispositivos e mudanças nas atividades de rotina, incluindo repouso, compressas de gelo, munhequeiras, injeções de corticoide, sessões de fisioterapia e, em casos mais graves, a cirurgia, como foi o caso de Margarida.

"Como não existe uma medida preventiva concreta, é necessário que o paciente esteja atento aos movimentos que realiza durante o dia, com o intuito de não executar tarefas que flexionem o pulso de forma repetitiva. Isso vale tanto para evitar a doença como também como recomendação para os pacientes diagnosticados com a síndrome", finaliza o neurocirurgião.