Jornal Estado de Minas

FRIO E SAÚDE

Inverno aumenta casos de doenças respiratórias que lotam unidades de saúde


A estação mais fria do ano chegou, e com o inverno aumentam os casos de doenças respiratórias, o que já é sabido de todos. As temperaturas baixas e a queda na umidade do ar são alguns dos fatores responsáveis pela ocorrência dessas patologias, favorecendo a replicação de vírus como os do resfriado (rinovírus), da gripe (influenza) e o COVID-19, entre outros problemas.



Alguns estudos apontam, por exemplo, que a membrana externa do vírus influenza fica mais sólida e elástica com o tempo frio e seco, facilitando sua propagação. As condições climáticas do período também ferem a mucosa do nariz, porta de entrada de vírus. E, com as pessoas permanecendo mais tempo em locais pouco ventilados, o que facilita ainda mais a transmissão de patógenos, está aí um prato cheio para os transtornos no trato respiratório.

Sinal disso são as unidades de saúde lotadas com pacientes nessas condições, crianças e adultos, como vem sendo relatado em Belo Horizonte. É o que está acontecendo com Bernardo, de apenas três anos e meio, que desde o outono vem sofrendo com vários episódios de viroses e gripes. A mãe, Luciane de Carvalho, de 47 anos, conta que o menino já havia apresentado esses sinais no mesmo período do ano anterior, mas não com tanta recorrência e em um espaço de tempo tão curto. "Foram três vezes em menos de um mês", conta.

De acordo com a médica pneumologista Michelle Andreata, da empresa especializada em home care, Saúde no Lar, outras doenças, como rinite alérgica, sinusite, asma, pneumonias e bronquite também se tornam mais recorrentes nessa época, devido à baixa umidade do ar, alterações de temperatura, aumento da poluição e estada em ambientes fechados.



"A asma também deve ser lembrada, já que no inverno nós usamos roupas mais pesadas e que ficam guardadas o ano todo. Isso acaba sendo um ponto de contato com o causador da alergia e, consequentemente, aumenta o risco de crises de asma", ressalta.

A gripe de cada um

Para qualquer sintoma mais sério, procurar o médico especialista, para o diagnóstico preciso e o tratamento correto, é fundamental, orienta a médica pneumologista Michelle Andreata (foto: @estudiobess/Rafael França/Divulgação)
Segundo a médica, a gripe acaba agindo de uma forma particular em cada organismo e os sintomas variam de pessoa para pessoa. Normalmente, é caracterizada por febre alta, dor de cabeça, mal estar geral, tosse e dor de garganta, alguns dos sinais como os que foram apresentados por Bernardo, que teve ainda episódios de vômito, diarreia, cansaço e dor no peito.

"Em alguns grupos, como os de risco, que correspondem a idosos, crianças, imunossuprimidos, pessoas com doenças hematológicas e metabólicas, com pneumopatias, pessoas grávidas, diabéticas e com doenças neurológicas, o quadro pode se tornar mais grave, podendo provocar pneumonias, insuficiência respiratória aguda e até infarto, no caso de hipertensos", esclarece Michelle Andreata.



Tratamento

O tratamento, de acordo com a pneumologista, vai depender dos sintomas e, principalmente, do diagnóstico. "Normalmente, as gripes e resfriados brandos precisam de repouso e ingestão de água. As infecções mais graves devem ser assistidas por um médico de confiança que prescreverá a medicação mais precisa para o caso."

A chef de cozinha e microempresária, mãe de Bernardo, conta que, no caso do filho, o médico receitou medicação para vômito, diarreia, antitérmico e anti inflamatório, além da lavagem das narinas com soro fisiológico e a ingestão de bastante líquido. A limpeza das vias nasais também deve ser feita no caso sinusite viral e para combater a infecção bacteriana na sinusite.

 

Michelle Andreatta pondera que o mais comum é o uso de antibióticos. "A rinite deve ser tratada com corticoide tópico nasal e anti histamínicos ou medicamentos antialérgicos. Já para bronquite são recomendados medicamentos anti inflamatórios e broncodilatadores, além da inalação com soro fisiológico e a constante hidratação das narinas. A pneumonia bacteriana é enfrentada com antibióticos e, às vezes, com uso de oxigenoterapia, obviamente com orientação médica", diz a especialista.



Como sempre, existem maneiras de prevenir essas doenças de forma simples e efetiva. "No caso da gripe, a melhor maneira de evitá-la é através da vacinação. A pneumonia pode ser prevenida com recomendações como lavar as mãos, não fumar, evitar aglomerações e se vacinar."

Quando se trata de bronquite, segundo Michelle, o ideal seria manter os medicamentos infamatórios prescritos pelo médico, além de inalar soro para hidratar as vias aéreas e evitar hábitos como fumar, estar em contato com poeira, fumaça, ácaros e ambientes úmidos com mofo.

"As recomendações para quem deseja prevenir a sinusite e a rinite são lavar sempre as narinas com soro fisiológico, evitar poluição e cigarro, controlar as alergias e comorbidades, evitar o contato do dedo no nariz, evitar bebida alcoólica em excesso, ambientes sujos, abafados, empoeirados ou repleto de ácaros."

Para qualquer sintoma mais sério, procurar o médico especialista, para o diagnóstico preciso e o tratamento correto, como de praxe, é fundamental.