Jornal Estado de Minas

INOVAÇÃO

Cannabis medicinal é grande aliada no tratamento da esclerose múltipla

 

A esclerose múltipla (EM)é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central que afeta o cérebro e a medula espinhal. No Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com esse problema - uma delas é a atriz Guta Stresser, de 49 anos.





 

A atriz, que interpretou a Bebel na série "A Grande Família", ficou emocionada durante uma entrevista ao Programa Fantástico, no último domingo (26/06), ao falar sobre o diagnóstico da doença.

 

A esclerose múltipla atinge principalmente adultos jovens, entre 18 e 55 anos, com pico aos 30 anos, sendo mais comum entre as mulheres. Trata-se de uma condição autoimune e caracteriza-se pela desmielinização da bainha de mielina - espécie de envoltório das células nervosas por onde passam os impulsos elétricos que controlam as funções do organismo.

 

Esse dano gera interferências na transmissão dos impulsos e diversas consequências para os pacientes, como alterações na visão, no equilíbrio e na capacidade muscular. De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência média da doença no Brasil é de 8,69 para cada 100 mil habitantes. No mundo, estima-se que entre 2 milhões e 2,5 milhões de pessoas convivam com a esclerose múltipla.





 

Cannabis com fins medicinais

 

Os fitocanabinoides (extratos de Cannabis) ou medicamentos à base de Cannabis atuam em receptores (proteínas encontradas nas células), nos quais, a associação gera múltiplos sinais em todo o corpo. Esses sinais são revertidos em equilíbrio nas funções celulares. A literatura científica mostra que a combinação de canabinoides (Canabidiol - CBD e Tetraidrocanabinol - THC) é a melhor fórmula testada para aliviar os sintomas e reduzir a neuro-inflamação em experimentos com animais.

 

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Renato Ahghinah, neurologista e diretor médico da HempMeds, fornecedora de produtos à base de Cannabis com fins medicinais, explica que os canabinoides podem ser eficazes para amenizar os sintomas da doença. "Por exemplo, para pacientes que ficam com quadros de espacidade devido a debilidade de movimento, os produtos com THC têm uma ação muito boa para controlar esse problema".

 

O médico ainda cita pacientes com quadros de ansiedade que relatam uma situação de bem estar muito grande com o uso dos produtos com canabinoides. "Isso acontece devido ao ansiolítico presente nesses medicamentos", afirma. 





 

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Nas pesquisas clínicas (estudos em seres humanos), existe comprovação positiva do uso de CBD+THC é vista em, basicamente, parte dos resultados. No entanto, a combinação ainda é vantajosa, segundo os autores, pois se deve ao fato de os compostos agirem sob efeito sinérgico. Enquanto o CBD reduz a quantidade de citocinas pró-inflamatórias, o THC parece ser mais eficaz na redução da espasticidade.

 

"O CDB é bastante recomendado para doenças como a epilepsiaautismo, ansiedade, espasticidade. Existem também alguns estudos que mostram algum benefício para dores crônicas, principalmente para dores causadas por neuropatias", conclui o médico.

 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.