A tecnologia a favor da saúde. Projeto desenvolvido em conjunto pela Federassantas, Roche e techtools health, começa a digitalizar a jornada de pacientes em relação ao câncer de mama, por meio de uma plataforma que permite aos gestores de saúde realizar a busca ativa de mulheres que precisam ser reinseridas no ciclo de prevenção, diagnóstico e tratamento. A princípio, são 2 mil mulheres atendidas, entre 50 e 69 anos, idade preconizada para rastreio do câncer de mama, conforme protocolo do Ministério da Saúde.
No momento inicial, a ação contempla a macrorregião Sul de Minas Gerais, com implantação em primeira etapa na Santa Casa de Poços de Caldas. Na sequência, o projeto será ampliado para todo o estado, por meio da rede de hospitais filantrópicos associados à Federassantas e à Confederação das Santas Casas de Misericórdia, hospitais e entidades filantrópicas.
A crença dos envolvidos no trabalho, como também considera a Roche, é de que a digitalização dos serviços públicos de saúde é essencial para uma gestão mais sustentável dos recursos disponíveis ao setor, bem como para garantir melhores desfechos aos pacientes.
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CONTRA O CÂNCER
A jornada de Sirlene Aparecida Ferreira, de 57 anos, contra o câncer de mama, poderia ter sido facilitada se tivesse à mão um sistema como esse. Aos 52 anos, ela descobriu a doença ainda quando residia no interior mineiro e, justamente por ser uma cidade menor, a dificuldade em encontrar o médico certo foi grande.
Com o tempo em que não tinha ainda iniciado o tratamento, o tumor estourou e infeccionou. Foi preciso retirar mais da metade da mama direita e, no meio de todo o turbilhão que experimentava, Sirlene ainda perdeu o companheiro.
O prosseguimento do tratamento, com a realização de novas cirurgias, foi melhorado quando ela se mudou para Belo Horizonte para morar com a mãe. "Com a pandemia, também o procedimento para a reconstrução da mama demorou", conta. Agora, ela participa de um grupo de mulheres que convivem com o câncer de mama, e foi devidamente acolhida, não sem antes ter vivido tantos desafios.
INFORMAÇÃO PARA A AÇÃO
"Sabe-se que, na atualidade, apesar do avanço tecnológico, as instituições têm dificuldade em compilar seus dados internos e transformá-los em indicadores, para realizar monitoramento e ações baseadas nessas informações", diz a presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), regional Minas Gerais, Annamaria Massahud Rodrigues dos Santos.
Projetos que aliem tecnologia e parcerias estratégicas na saúde pública servem de exemplo para inovações e mudanças capazes de gerar modelos de gestão sustentáveis, escaláveis e em rede, ela ressalta. "A incorporação de conceitos tecnológicos com capacidades analíticas mais avançadas, em que a consulta para se obter informação seja rápida e confiável, em tempo real, entregam dados objetivos no momento oportuno, a quem são devidos, tanto internamente, quanto externamente à instituição", pontua Annamaria.
Dessa forma, continua, um aplicativo que possa ser incorporado à gestão de saúde mamária tem potencial de facilitar a entrada e navegação de pacientes sintomáticas e/ou com alterações em exames complementares, de modo a agilizar diagnóstico e tratamento específicos em relação ao câncer de mama.
Entre outros benefícios, o projeto de saúde digital possibilita a redução de filas e evita deslocamentos desnecessários (por meio de teleconferências e tele interconsultas). "Também potencializa o aproveitamento de recursos humanos e financeiros, tão escassos na saúde, culminando com aumento de sobrevida das pessoas acometidas pelo câncer de mama", acrescenta.
Annamaria também cita como outra vantagem incluir capacitação na atenção primária, também escalável. "O grande desafio é deixarmos de ser reativos e passarmos a ser preditivos e propositivos nas ações de saúde pública. Esperamos que esse projeto traga inovação, agilidade, eficiência e integração, aliadas ao monitoramento e à comunicação de resultados, para melhorar o fluxo de cuidados integrais de saúde, desde a promoção de saúde e busca ativa, na atenção primária, até os cuidados paliativos, no modelo do Sistema Único de Saúde."
REDE EM CONEXÃO
O Atende Saúde é uma plataforma digital que conecta diretamente os hospitais filantrópicos em tempo real ao Data SUS, ou seja, é uma interface entre o SUS e os hospitais do Brasil, integrando os sistemas público e privado de saúde. Conecta hoje 88 hospitais e 25 operadoras de saúde, representando 6 milhões de pessoas atendidas.
A meta da techtools heath é fazer a ponte entre 500 hospitais e o Atende Saúde no decorrer de 2022, por meio da parceria com a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, hospitais e entidades filantrópicas. O objetivo é levar atendimento a cerca de 32 milhões de pessoas, com foco na população mais carente e de regiões mais afastadas, especialmente aquelas com vazios assistenciais.
A Roche apoiará a iniciativa por um ano. Após esse período, o projeto deverá ser autossustentável, com manutenção do serviço a cargo de estados e municípios. O intuito da empresa é impulsionar a aplicação de protocolos efetivos de diagnóstico e assistência ao câncer de mama. Se descoberta em até seis meses, a doença tem até 99% de chance de resolutividade e não reincidência.