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Estado de Minas CIGARRO ELETRÔNICO

Caso Lucas Viana: vape pode causar infarto e síndrome coronariana aguda

Estudos que indicam que esses produtos podem aumentar risco cardiovascular, além de piorar e desencadear asma brônquica


29/06/2022 17:18 - atualizado 29/06/2022 17:46
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Homem fumando um cigarro eletrônico
Mesmo com venda proibida, uso de cigarros eletrônicos continua crescendo e trazendo malefícios à saúde (foto: Freepik/Divulgação)

Apesar de proibido no Brasil, o cigarro eletrônico (ou vape) já está na quarta geração e seu uso vem crescendo em ambientes de festa, bares e restaurantes, principalmente por jovens. Seus efeitos na saúde já são comprovados. O equipamento gera partículas ultrafinas que conseguem ultrapassar a barreira dos alvéolos pulmonares e ganhar a corrente sanguínea, fazendo o corpo reagir com uma inflamação. 

 

Lucas Viana
Lucas Viana vai para em hospital por causa de cigarro eletrônico (foto: Instagram/Divulgação )
O modelo, influenciador e campeão do programa “A Fazenda 11”, Lucas Viana, no último domingo (26/06), foi socorrido às pressas e levado ao hospital após passar mal devido ao uso de cigarro eletrônico.
Viana explicou que estava em uma festa quando de repente sentiu uma falta de ar “surreal”.

 

“Fui socorrido, me deram um aparelhinho de oxigênio. Tudo isso aconteceu por conta de cigarro eletrônico, vape. A gente nunca acha que vai acontecer com a gente. Hoje, foi comigo, mas amanhã pode ser com você. Isso a partir de hoje não fará mais parte da minha vida. Fica o alerta aí, porque o negócio é sério. A sensação é que parece que você vai morrer”, disse Lucas.

 

Muitas das vezes, quando a inflamação causada pelo uso de cigarro eletrônico acontece na parede do endotélio, que recobre as artérias, ele pode ser lesionado e deflagrar eventos cardiovasculares agudos, como infarto e síndrome coronariana aguda. A nicotina também tem influência no coração, porque aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. 

 

O efeito protetivo que se imaginava que o cigarro eletrônico pudesse ter, não se confirma. Em países que adotaram esses produtos, há um crescente aumento de eventos cardiovasculares na população abaixo de 50 anos. 

 

Leia também: Dias frios aumentam os riscos de AVC: mito ou verdade?

 

Antes da pandemia de COVID-19, os Estados Unidos registraram 2.800 internações e 68 óbitos de jovens, 70% deles tinham menos de 34 anos de idade. Eles foram diagnosticados com a síndrome chamada Evali, sigla em inglês para doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico. Hoje sabe-se que a mistura que mais causa Evali é composta por vitamina E, THC (principal componente ativo da maconha) e nicotina. Em 30% dos usuários, a utilização somente da nicotina já foi capaz de causar a doença.

 

Vale lembrar que o narguilé é diferente, pois é um tabaco que sofre combustão, aquecido com carvão. No entanto, também é uma substância que traz danos à saúde, além do risco de contaminação ao ser compartilhado entre os usuários. 

 

Estudos

 

Quando os vapes surgiram, as pessoas faziam uso bidual, ou seja, eram fumantes de cigarro convencional e do eletrônico, utilizando um ou outro em caso de restrições ou na tentativa de fazer a migração.

 

Já na terceira e quarta gerações dos vapes, chama atenção o aumento do número de usuários exclusivos, ou seja, pessoas que não fumavam o convencional. Isso fez com que as evidências em relação aos seus efeitos ficassem mais claras de serem analisadas. 

 

Leia também: Estudo inglês recomenda aumento progressivo da idade legal para fumar 

 

Há estudos que indicam que os vapes podem levar substâncias cancerígenas para a bexiga, gerar disfunção endotelial, aumento do risco cardiovascular, além de piorar e desencadear asma brônquica. De acordo com especialistas, ainda vai levar um tempo para avaliar se podem, de fato, causar câncer, já que envolve alterações genéticas, mas só o fato de saber que têm substância cancerígena já é um alerta.

 

Um mito que surgiu junto com o cigarro eletrônico, foi que eles seriam efetivos para ajudar as pessoas a pararem de fumar, entretanto, aquelas que passaram a usar o cigarro eletrônico continuaram dependentes da nicotina. Uma pesquisa realizada pelo INCA mostrou que o uso desse produto aumenta a dependência por nicotina. 

 

O percentual de indivíduos que utilizam o produto e conseguem largá-lo definitivamente é igual ao daqueles que tentam parar de fumar sem usar outro método: 3% a 5%. Isso é muito preocupante, pois além do risco para a saúde individual, o uso do vape pode colocar a perder os resultados já alcançados pela campanha antitabaco no Brasil. Do ponto de vista de engrandecimento humano, civilizatório, não há nenhuma vantagem no uso dos cigarros eletrônicos, pelo contrário.

 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie. 

 


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