O 15 de julho é o Dia Nacional do Homem, data criada para destacar e reforçar a importância dos cuidados com a saúde masculina. Estudos apontam que mais da metade desse público não têm o hábito de ir a consultas de rotina e que só procuram um médico quando são acometidos por doenças mais sérias e, muitas vezes, já em estágios avançados.
Eduardo Mourthe, urologista da clínica Huntington Belo Horizonte, destaca que "historicamente, por questões de machismo e até mesmo por não ter um início de vida reprodutiva e adulta tão claro quanto as mulheres, os homens procuram menos pelos exames de checape. No caso das mulheres, após a primeira menstruação, elas passam a fazer exames regulares. A falta desse “marco” na puberdade masculina, dificulta a transição entre as consultas/exames pediátricos e a adolescência/adulto jovem".
Eduardo Mourthe, urologista da clínica Huntington Belo Horizonte, destaca que "historicamente, por questões de machismo e até mesmo por não ter um início de vida reprodutiva e adulta tão claro quanto as mulheres, os homens procuram menos pelos exames de checape. No caso das mulheres, após a primeira menstruação, elas passam a fazer exames regulares. A falta desse “marco” na puberdade masculina, dificulta a transição entre as consultas/exames pediátricos e a adolescência/adulto jovem".
Eduardo Mourthe avisa que, em relação à saúde do homem, acredita-se que durante a adolescência seria valiosa a transição desse cuidado pediátrico para o adulto. Feita de maneira regular e individualizada. Ainda que durante essa transição não tenha exames obrigatórios. "Isso será solicitado com base na avaliação clínica feita na consulta".
Os homens deveriam fazer consultas de rotina anualmente, para que ocorra o monitoramento da saúde e a prevenção de doenças que, historicamente, os acometem mais, como o risco cardiovascular e a hipertensão: "Muittas vezes por pre-disposição ao sexo masculino, mas também pelo ciclo de vida pouco saudável que levam. Dessa forma, os homens devem ficar atentos aos níveis da pressão arterial, ganho de peso, cansaço, baixo desempenho físico e episódios de mal-estar. Por isso, é aconselhável ter um médico para acompanhar a saúde e ter essa referência de cuidados de maneira contínua", avisa Eduardo Mourthe.
A infertilidade masculina
A saúde do homem também é tabu quando o assunto é infertilidade. Poucos têm conhecimento de que quando um casal tenta engravidar e não consegue, há 40% de chances de o problema estar no homem.
O urologista explica que a infertilidade masculina corresponde à incapacidade numérica ou funcional do espermatozoide em fecundar o óvulo e resultar na gravidez. "Muitas vezes, a capacidade reprodutiva do homem pode ser influenciada por hábitos de vida como fumar, ingerir bebidas alcoólicas frequentemente, estar acima do peso ou fazer uso de drogas ilícitas, por exemplo, diminuindo a produção e a qualidade dos espermatozoides."
Além de poder estar relacionada com os hábitos de vida, a infertilidade do homem também pode ser devida a alterações no sistema reprodutor, infecções, alterações hormonais ou genéticas, ou ser consequência da varicocele, dilatação anormal das veias testiculares que interfere diretamente na produção dos espermatozoides.
“É importante que a causa da infertilidade seja identificada para que o urologista possa indicar o tratamento mais adequado, que pode ser com mudanças nos hábitos, o uso de medicamentos, hormônios ou realização de cirurgia”, afirma o urologista Eduardo Mourthe.
As causas da infertilidade masculina
1 - Hábitos de vida
Alguns hábitos e estilo de vida podem diminuir a capacidade reprodutiva do homem: fumar, beber e estar acima do peso. Isso porque pode levar a alterações metabólicas e hormonais, o que pode alterar o potencial fértil dos espermatozoides.
2 - Varicocele
A varicocele é a causa mais frequente de infertilidade no homem e corresponde à dilatação das veias do testículo, o que promove acúmulo de sangue e aumento da temperatura local, interferindo diretamente na produção e na função dos espermatozoides. O exame físico pode ser desafiador, e a experiência do médico é fundamental.
3 - Infecções no aparelho reprodutor
Algumas infecções no aparelho reprodutor masculino podem atingir os testículos e ter como consequência alteração no processo de produção, como pelo vírus da caxumba, mas também em outras infecções como infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como na clamídia e gonorréia.
4 - Problemas na ejaculação
Algumas situações relacionadas com a ejaculação. Como ejaculação retrógrada ou ausência dela, e até mesmo anorgasmia (ausência de orgasmo) e disfunção erétil. Todas podem prejudicar o encontro do óvulo com o espermatozoide, dificultando todo o processo fértil.
5 - Alterações hormonais
As alterações hormonais, principalmente no que diz respeito à quantidade de testosterona circulante, podem causar infertilidade. Além disso a elevada produção de prolactina, alterações na tireoide, uso de anabolizantes, presença de tumor na hipófise e a radioterapia podem interferir na capacidade reprodutiva do homem.
6 - Problemas genéticos
Os problemas genéticos fazem com o que homem naturalmente não tenha espermatozoides no sêmen ou que produza espermatozoides em uma quantidade muito reduzida, fazendo com que não ocorre a fecundação do óvulo da mulher.
Como é feito o diagnóstico da infertilidade masculina?
O urologista Eduardo Mourthe conta que o principal exame para avaliar e diagnosticar a infertilidade masculina é o espermograma, que deve ser recomendado pelo urologista, e que tem como objetivo avaliar a quantidade e a qualidade do espermatozoide produzido. Esse exame é feito a partir da análise em laboratório de uma amostra de sêmen que deve ser coletada no próprio dia no laboratório após masturbação.
Além do espermograma, outros exames podem ser solicitados após o exame físico do paciente. Como dosagem de testosterona, dos hormônios tireoidianos e da prolactina, exame de urina, ultrassom pélvico, por exemplo.
Tratamentos e cirurgia
O tratamento começa pela mudança de hábito, passando por medicamentos, cirurgias, e técnicas de reprodução assistida.
Entre os tratamentos medicamentosos, destacamos antibióticos, estímulos para produção própria de testosterona (endógena), e medicações para criar um ambiente celular adequado para o desenvolvimento dos espermatozoides.
E as principais intervenções cirúrgicas são direcionadas à correção da varicocele e às tentativas de reconexão dos ductos que compõem o cordão espermático, como ocorre na reversão da vasectomia.
"A maior parte dos casos de infertilidade masculina, contudo, recebe indicações para reprodução assistida, como a forma de tratamento que pode ser mais bem-sucedida", enfatiza o urologista.
Entre as principais técnicas de reprodução assistida disponíveis hoje, a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro) são as únicas que podem ser indicadas para o tratamento da infertilidade masculina, sendo a FIV com ICSI a mais indicada.
Sem desculpas para cuidar da saúde
Somado à fuga do consultório médico, muitos homens relaxam na alimentação, ingerem altas doses de bebidas alcóolicas, fumam e o exercício físico não tem regularidade, apostam na pelada do fim de semana. É preciso se conscientizar que para cuidar da saúde hábitos saudáveis são fundamentais.
"A alimentação deve priorizar produtos não industrializados, com uma diversidade de nutrientes, bem balanceada, como por exemplo ocorre na dieta mediterrânea , que é rica em alimentos frescos – legumes, frutas, sementes, peixes e azeite. Quanto a fertilidade, alguns nutrientes ganham destaque, como selênio, zinco, vitamina C, E e Ômega 3. É interessante sempre que possível, procurar um nutricionista para certificar que a dieta é adequada e para individualizar as necessidades de cada um", explica o urologista Eduardo Mourthe.
Eduardo Mourthe reconhece que a vida corrida, às vezes, dificulta a disciplina de comer melhor, de ter mais opções de alimentação saudável e isso acaba influenciando nos bons hábitos como um todo. No entanto, não há desculpas. "Vícios como cigarro e álcool, dietas ricas em sódio e gorduras, expõem não somente os homens, mas também as mulheres, à possibilidade de adquirir doenças como hipertensão arterial, diabetes, obesidade e uma maior chance de eventos cardiovasculares, como infartos e acidentes vasculares encefálicos".
E não se pode esquecer do exercício físico: "A atividade física desde que acompanhada e equilibrada, só tem benefícios. Como sensação de bem-estar, menor chances de doenças cardiovasculares e depressão, por exemplo. Os sedentários e os atletas de fim de semana estão mais propensos a lesões ortopédicas e a eventos agudos como um infarto do miocárdio, podendo levar à morte súbita. Antes do início de práticas esportivas é aconselhável fazer um check-up cardiológico e buscar orientação com um educador físico", recomenda o médico.