Um grupo de médicos de 16 países identificou novos sintomas clínicos relacionados à varíola do macaco. O trabalho, publicado no New England Journal of Medicine, é considerado a maior série de estudos sobre infectados até o momento e, segundo os autores, pode ajudar a melhorar o diagnóstico da doença que tem mobilizado autoridades de diversos países.
Endêmica na África, a varíola do macaco tem se disseminado por outros continentes desde maio. Ontem, na segunda reunião do comitê de emergência sobre a doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou que há 14,5 mil casos em 72 países e chamou a atenção para a situação do Brasil, que tem um dos maiores números de infectados - 592, segundo o Ministério da Saúde.
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Contato físico
Os médicos também enfatizam que, embora a proximidade sexual seja a via de transmissão mais provável, o vírus da varíola do macaco pode ser transmitido por qualquer contato físico próximo, por grandes gotículas respiratórias e, potencialmente, por roupas e outras superfícies. "Esse estudo aumenta nossa compreensão das formas de disseminação e dos grupos em que está se espalhando, o que ajudará na identificação rápida de novos casos e nos permitirá oferecer estratégias de prevenção, como vacinas, aos indivíduos de maior risco", diz John Thornhill, professor da Queen Mary University of London.
O avanço dos casos é monitorado também pela OMS, que optou ontem por não decretar a disseminação da varíola do macaco como uma emergência de saúde pública internacional. "Estou ciente de que qualquer decisão que tome em relação à possível determinação envolve a consideração de muitos fatores, com o objetivo final de proteger a saúde pública", afirmou Tedros, que assegurou que o debate sobre esse posicionamento não foi encerrado.