O influenciador digital e ator mineiro Gustavo Tubarão, de 21 anos, anunciou, por meio de um vídeo no Instagram, nesse domingo (24/7), que foi diagnosticado com Paralisia de Bell.
Durante o almoço de sábado (23/7), ele sentiu o lado direito do rosto paralisado e entrou em pânico, achando que poderia ser um acidente vascular cerebral (AVC). Em seguida, foi atendido por primos médicos.
O que é a Paralisia de Bell?
A paralisia facial pode acontecer por muitos motivos. E, em jovens saudáveis, quando o problema acontece subitamente, sem nenhuma outra causa aparente, geralmente é ocasionada pela Paralisia de Bell, explica o médico neurocirurgião e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) Felipe Mendes.A doença é marcada pelo enfraquecimento ou paralisia dos músculos de um dos lados do rosto. Ela se instala em virtude de uma reação inflamatória envolvendo o nervo facial.
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"É a paralisia do nervo facial mais comum que existe. Acomete a musculatura da testa, da boca e das bochecas e o olho. Pode ser causada por reativação viral, quando da presença dos vírus da família da herpes e outros vírus. E ainda no caso de tumores no sistema nervoso, esclerose múltipla e doenças inflamatórias. Também pode acontecer quando há um estado alterado da imunidade, em períodos de muito estresse, por exemplo", esclarece o médico.
Mendes explica que a doença se manifesta da maneira como Gustavo Tubarão relata no vídeo do Instagram.
"Acontece de uma vez. De repente, você se olha no espelho e percebe que a boca está torta, que não está piscando direito. É importante dizer que, quando a pessoa pensa que está sofrendo um AVC, que fique tranquila. Pode parecer um AVC, mas isso é menos comum, ainda que o AVC em si possa ser um dos motivos da paralisia facial", relata.
Outros sintomas podem vir acompanhados, como sensibilidade no ouvido (sensação de ouvido tampado), zumbido e dor próximo da orelha, como contou o influenciador.
Gravidade da paralisia
A Paralisia de Bell é assim denominada em referência a Charles Bell, médico cirurgião e anatomista escocês que primeiro descreveu a doença. As características clínicas são típicas. O paciente tem dificuldade, em maior ou menor grau, para realizar movimentos simples, como franzir a testa, erguer a sobrancelha, piscar ou fechar os olhos, sorrir e mostrar os dentes, pois a boca se move apenas no lado do rosto não paralisado."Geralmente o diagnóstico é clínico. Apenas conversando com o paciente o médico consegue identificar a doença, sem necessidade de exames de imagem. Mas, quando é uma paralisia muito grave, que não melhora com o passar do tempo, ou que gera piora com outros sintomas, é importante fazer uma investigação mais aprofundada, como exames de ressonância magnética, a fim de excluir outras lesões que possam causar esse quadro", orienta Felipe Mendes.
O médico esclarece que, na maioria das vezes, é uma doença autolimitada, ou seja, tem um período de duração relativamente curto. A melhora gradativa é esperada depois de duas semanas do diagnóstico, e a resolução é espontânea - o próprio organismo reage à doença, para a cura.
"De acordo com o grau da doença é direcionado o tratamento. A escala vai de 1 a 6, sendo 1 a paralisia mínima, e 6 tão grave que gera a sensação de metade do rosto congelado", diz.
Tratamento
O tratamento, conforme o grau da patologia, indica o especialista, inclui a administração de corticoides, que ajudam a reduzir o tempo da doença e, quando a intensidade é maior, é recomendada a utilização de medicamentos antivirais.Como também há acometimento da lubrificação nos olhos, quando acontece a dificuldade em piscar, com risco de ressecamento dos olhos, é orientado o uso de colírios lubrificantes, para evitar complicações oculares. Na maioria da vezes, o enfrentamento da Paralisia de Bell também inclui fisioterapia.
Em quadros severos da doença, se o tempo passa e o rosto não volta ao normal, o tratamento pode ser direcionado para procedimentos cirúrgicos. Um dos mecanismos da cirurgia é retirar um pedaço do nervo que iria para a língua e conectá-lo ao nervo facial, no sentido de recuperar parte dos movimentos perdidos.
"Importante é manter o acompanhamento médico para observar como o quadro está evoluindo", salienta o neurocirurgião.