No dia 23 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a varíola dos macacos como uma emergência global. Infecção causada pelo vírus monkeypox, que pertence à mesma família do vírus da varíola humana, a doença ameaça também as crianças e de forma mais grave.
Até o momento, sabe-se que os casos mais severos ocorrem com mais frequência em crianças, dependendo do estado de saúde e da exposição ao vírus.
O pediatra, epidemiologista, mestre em medicina tropical e professor emérito da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG) José Geraldo Leite Ribeiro explica que "o que conhecemos da monkeypox é basicamente da sua forma endêmica na África"
"A disseminação global da doença que estamos vendo agora é bastante recente. Na África, a explicação maior para que as crianças tenham formas mais graves é que, provavelmente, os adultos tiveram infeções naturais por outros monkeypox vírus, que podem dar uma proteção cruzada, e aqueles de uma faixa etária maior ainda devem ter sido vacinados contra varíola no passado, que também dá uma proteção cruzada contra monkeypox", afirma.
"A disseminação global da doença que estamos vendo agora é bastante recente. Na África, a explicação maior para que as crianças tenham formas mais graves é que, provavelmente, os adultos tiveram infeções naturais por outros monkeypox vírus, que podem dar uma proteção cruzada, e aqueles de uma faixa etária maior ainda devem ter sido vacinados contra varíola no passado, que também dá uma proteção cruzada contra monkeypox", afirma.
O pediatra e epidemiologista enfatiza que "as formas mais graves de monkeypox ocorrem nas crianças, nas gestantes, inclusive, com risco de atingir o feto, e nas pessoas que têm imunodeficiência". "Claro que esse conhecimento é baseado na epidemiologia da forma endêmica na Àfrica. Mas é bastante provável que se reproduza entre nós", diz.
Prevenção
Para José Geraldo Leite Ribeiro, a vacina é a forma mais adequada de prevenção. No entanto, ele destaca que "no momento, como a epidemiologia da doença está mais restrita a homens adultos, talvez não indicasse a vacinação de toda uma população. Além disso, os estoques internacionais de vacinas são muito pequenos. Não seria possível uma vacinação em termos globais".
Ele alerta sobre os cuidados com a prevenção: "Primeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está recomendado a redução do número de parceiros sexuais, ou seja, que se evite atividade sexual incomum, com pessoas não conhecidas. É muito importante. E que procurem assistência médica, quando do aparecimento de uma vesícula, uma bolinha d'água pelo corpo. E uma vez isso tendo sido diagnósticado, que se faça o isolamento do paciente e a quarentena adequada de seus contatos", ressalta.
"A transmissão é basicamente pele a pele, mas também é importante indiretamente, por meio de lençois e roupas que possam ser contaminados. Essas medidas adotadas são capazes de restringir a disseminação da monkeypox", completa.
"A transmissão é basicamente pele a pele, mas também é importante indiretamente, por meio de lençois e roupas que possam ser contaminados. Essas medidas adotadas são capazes de restringir a disseminação da monkeypox", completa.
José Geraldo Leite Ribeiro diz que "no caso da doença na criança, as gestantes podem sim, como tem contato íntimo com seus bebês, transmitir para eles. Além disso, há descrição na epidemioliogia africana do acometimento fetal quando a gestante está doente".
Casos de crianças infectadas em São Paulo
A Prefeitura de São Paulo confirmou o registro até o momento de três casos de varíola dos macacos (monkeypox) em crianças no município. São as primeiras notificações no público infantil. Conforme informou a Secretaria Municipal da Saúde, todas estão em monitoramento, sem sinais de agravamento.
Vacina é a principal forma de prevenção
As vacinas são a principal forma de prevenção. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o imunizante que protege contra a varíola tem uma efetividade de 85% contra a varíola dos macacos.
A varíola dos macacos é transmitida quando alguém tem contato próximo com as lesões de pele, as secreções respiratórias ou os objetos usados por uma pessoa que está infectada. E também nas relações sexuais.
No Brasil, o Ministério da Saúde anunciou que está negociando a compra de vacinas contra a varíola. O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz também estão estudando a possibilidade de fabricar doses no próprio país.
O Brasil registrou um crescimento de 65% nas notificações de varíola dos macacos. Na quarta-feira (27/7), os registros chegaram a 978 casos confirmados, conforme dados do Ministério da Saúde. Há uma semana, eram 592. Os estados com maior número de casos até o momento são: São Paulo (744), Rio de Janeiro (117) e Minas Gerais (44).