Jornal Estado de Minas

ALIMENTAÇÃO

Como o cérebro se relaciona com a alimentação

Cada prazer obtido com a ingestão de uma comida calórica necessita de uma medida de compensação, normalmente uma atividade física (foto: 0fjd125gk87/ Pixabay)
A função primordial da alimentação para o ser humano é produzir energia para que ele consiga fazer as atividades necessárias do dia a dia. Mas a comida não é somente algo básico à vida, ela é também fonte de prazer. Portanto, é preciso ter ciência deste fato para que essa relação não se complique e torne causa de sofrimento.




Autores do livro “Pais saudáveis = Filhos Saudáveis” e adeptos da “medicina do estilo de vida”, o casal de médicos Thanguy e Patrícia Friço explica que dois hormônios produzidos nos neurônios são peças-chave para compreender a relação entre o cérebro e a alimentação como fonte de prazer.

“É por meio da dopamina e da serotonina que ficamos felizes e de bom-humor e uma das matrizes que aumentam os níveis desses hormônios no organismo são os alimentos”, afirma Thanguy. Não é de se estranhar, então, que as pessoas busquem aplacar na comida suas tristezas.

Açúcar é viciante para o cérebro humano



Quando se trata de alimento como fonte de prazer, destaque para o carboidrato (açúcar). O problema é que esse macronutriente ingerido em excesso é causador de muitas doenças, tais como obesidade, diabetes, síndrome metabólica, entre outras.



Patrícia destaca que o açúcar é viciante para o cérebro humano. E a explicação para isso pode ser encontrada na história. “Na pré-história, nossos ancestrais gostavam de três tipos de alimentos: gordura, comidas salgadas (para não haver desidratação) e o açúcar, que era encontrado na frutas”.

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Tal dieta causou uma relação de dependência dos homens para com esses tipos de alimentos que perdura até hoje. Não à toa, comenta Thanguy, toda a combinação feita pela indústria de alimentos que tenha esses três pilares é praticamente certeza de sucesso. “Não devemos esquecer que fast food é basicamente doce, sal e gordura, mistura que ao ser ingerida pelo organismo faz o cérebro enviar mensagens dizendo: 'eu quero mais'.”



Saciedade em torno de 20 minutos

Mas como quebrar essa dependência e manter uma relação mais saudável com os alimentos? Primeiramente, é preciso estar ciente do tempo que o cérebro leva para ser avisado de que o organismo está saciado.

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De acordo com Patrícia, demora em torno de 20 minutos. Contudo, leva-se em média apenas 11 minutos para ingerir um lanche composto de hambúrguer, batata frita e refrigerante, por exemplo. “Dessa forma, é natural que o corpo peça por mais comida, já que não teve tempo de satisfazer-se”, explica.



Assim, a médica recomenda que se mastigue lentamente os alimentos, para que o tempo cérebro fique apto a receber o sinal de que o corpo está saciado e de que não há necessidade de ingerir mais alimentos.

Para mitigar os efeitos nocivos de uma alimentação desmedida à saúde humana, é preciso ainda, segundo Thanguy, ter clareza de que cada prazer obtido com a ingestão de uma comida calórica necessita de uma medida de compensação, que normalmente vem por meio da atividade física.

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Conforme o médico, é evidente que um pedaço de pudim causa mais prazer do que uma hora de caminhada na esteira. “Por isso, é preciso entender que a compensação é muito necessária e deve ser imediata para que funcione”.

Além de mastigar lentamente e fazer exercícios físicos, Thanguy e Patrícia Friço recomendam outras atitudes para que se evite a ingestão exagerada de alimentos. Entre elas: fazer as refeições em horário fixo, evitando o costumeiro ato de “beliscar”; manter uma dieta equilibrada, consumindo pouco açúcar; e ter um sono com qualidade, dormindo cerca de oito horas por dia.