Jornal Estado de Minas

REPORTAGEM DA CAPA

Fonoaudiologia é indicada para quem sofre com dores tensionais


Área da saúde que atua na prevenção, intervenção e reabilitação de alterações de linguagem oral e escrita, audição, fluência, voz e motricidade orofacial, a fonoaudiologia também lida com pontos-gatilho. Valesca Resende, fonoaudióloga, mestre em saúde, especialista em alterações sensório-motoras e em motricidade orofacial, com aperfeiçoamento em dermato-funcional, explica que os pontos-gatilho são comumente encontrados nos músculos fasciais e cervicais, podendo ser palpáveis ou não, que irradiam dor para outras regiões. 





“As queixas sempre referem-se ao comprometimento da rotina do paciente, dificultando atividades do dia a dia e que são suavizadas temporariamente quando são usados medicamentos como relaxantes musculares ou anti-inflamatórios.”
 
 

Na fonoaudiologia, Valesca Resende destaca que são aplicadas técnicas específicas, como laser de baixa intensidade, eletroestimulação, bandagens terapêuticas, alongamentos e ajuste oromiofuncional, com o objetivo de equilibrar a musculatura, devolvendo mobilidade, força e tonicidade. “Alterações dentárias, bruxismo ou apertamento, assim como casos de paralisia facial, são os principais distúrbios que estimulam as tensões”, comenta. 

“Portanto, não basta tratar somente os pontos-gatilho, mas sim os vários grupos musculares que envolvem a face e o pescoço. Há exercícios específicos, que devem ser feitos de acordo com cada comprometimento, para evitar compensações que podem inclusive agravar as alterações e as dores.”




 
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A especialista diz que os pontos-gatilho não provocam alterações vocais relevantes. Mas, além das alterações funcionais citadas, questões emocionais como estresse, ansiedade, quadros depressivos e pressões do dia a dia contribuem consideravelmente para a piora do quadro. “O que nos leva, em muitos casos, a trabalhar com uma equipe multidisciplinar para um resultado que solucione tamanho desconforto do paciente.”

(foto: Gladyston Rodrigues/em/D.a Press)


MASTIGAÇÃO A fonoaudióloga enfatiza que inúmeros casos de dor de cabeça, disfunção temporomandibular (DTM) e até mesmo dor de ouvido podem ser desencadeadas por esses pontos de tensão muscular, que aumentam com toques digitais quando comprimidos. “As dores variam de forma aguda, severa, repetitiva e até mesmo contínua. Além das disfunções citadas, a má postura de ombros e pescoço são importantes para um diagnóstico assertivo, assim como a mastigação, que não somente leva às alterações funcionais, mas também estéticas.” 

Um indivíduo que mastiga unilateralmente, por exemplo, leva a uma sobrecarga de um lado da face, resultando em alterações também estéticas, como assimetrias faciais, sulcos nasolabiais (conhecido como ‘bigode chinês’) mais profundos e maiores em sua extensão, conforme comprovei na minha tese de mestrado.”

Para evitar que a dor perpetue, Valesca Resende diz que é indispensável um diagnóstico fonoaudiológico, que tenha como resultado um equilíbrio oromiofuncional, proporcionando ao indivíduo conforto, segurança na execução de suas funções rotineiras bem como um padrão facial harmônico, com musculatura adequada. “Lembrando que a musculatura facial responde aos estímulos de treino, assim como a musculatura corporal.”




PILATES E PONTOS-GATILHO 

A postura incorreta no trabalho, assim como a de caminhar e mesmo parada, relaxada, podem desencadear os pontos-gatilho. A dentista Daniela Cristina Rosário Alves, de 44 anos, conta que se equilibra há mais de 10 anos entre momentos de dor mais intensa e de relaxamento na região da lombar e do pescoço. “Tem fases que percebo que a dor aumenta, principalmente quando trabalho muito tempo sentada.”

Para se livrar dos pontos-gatilho, Daniela Alves enfatiza que faz pilates há oito anos. “Cheguei a fazer fisioterapia e tomei muita medicação, até encontrar o pilates. A prática fez com que eu não sentisse mais dor. Hoje, minha consciência corporal é forte, aprendi a lidar com meu corpo e, quando não é dia de pilates, consigo melhorar minha dor com exercícios em casa. E não tomo mais remédio.”

A prevenção, comenta Daniela, está na boa postura que aprendeu com o pilates. “Em primeiro lugar está a consciência corporal. Melhorei muito minha postura e meus equipamentos de trabalho.” 

A dentista acrescenta que a atividade criada pelo alemão Joseph Pilates, que nasceu em 1883 e morreu em 1967, aos 83 anos, em Nova York, “mudou tudo na minha vida. Primeiro, não tenho dor mais, somente quando trabalho muito com a postura errada, e a minha disposição no dia a dia é excelente. Treino há oito anos e foi minha irmã quem me levou. Brinco com minha professora que sou sua aluna eterna”.



A dentista Daniela Cristina Rosário Alves faz pilates há oito anos e diz que não toma mais remédios para melhorar as dores da lombar e do pescoço (foto: Arquvo pessoal)

Tipos de pontos-gatilho*

1 – Miofascial

>> Ponto-gatilho central: localizado no centro das fibras musculares, associado as placas terminais disfuncionais.

>> Ponto-gatilho de inserção: localizado na junção musculotendínea ou na êntese muscular.

>> Ponto-gatilho ativo: provoca dor espontânea e sensação de fraqueza, limita o alongamento do músculo e ao ser pressionado produz dor na sua zona de referência.

>> Ponto-gatilho latente: não provoca dor espontânea, mas quando pressionado pode produzir dor na sua zona de referência ou no local. 

>> Ponto-gatilho primário ou principal: geralmente é ativado de forma direta por sobrecarga aguda ou crônica ou por uso excessivo ou repetitivo. Ele é responsável pela ativação dos pontos-satélites.



>> Pontos-satélites: é ativado pela ação do ponto-gatilho primário por uma ligação neurogênica, antagonismo a um músculo com tensão aumentada ou sinergismo sobrecarregado.

2 – Não miofasciais

>> Fasciais, tendíneos, ligamentares, capsulares, cutâneos, cicatriciais e periosteais.

*Fonte: Blog Fisioterapia - VOLL Fisioterapia

Indicação de alguns tratamentos para pontos-gatilho

1 – Pilates
2 – Massagens
3 – Uso de calor ou gelo (usado localmente, em cima do ponto)
4 – Acupuntura
5 – Alongamentos
6 – Digitocompressão (pressionar o ponto-gatilho por cerca de 90 segundos)
7 – Hidroterapia
8 – Eletroterapia
9 – Agulhamento dos pontos (feito por profissional capacitado)
10 – Uso de medicamentos que possam proporcionar relaxamento e/ou melhora da inflamação local