A especialista em suicidologia, a psicóloga mineira Luciana Rocha, 48 anos, lança o livro “Nem covarde, Nem herói – Amor e recomeço diante de uma perda por suicídio”, hoje, dia 18, às 19h, no Centro Cultural Unimed BH Minas, aberto ao público. A obra é um relato corajoso e sensível sobre como lidou com o suicídio do marido, em meio a uma história de amor, sem se sentir culpada, mas determinada a buscar um para quê e não um porquê.
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“Já atendi a vários sobreviventes, ou seja, pessoas que perderam alguém por suicídio, estão enlutadas e esconderam a ocorrência. A única maneira de se falar sobre o suicídio e preveni-lo é abordar o tema de forma responsável. O suicídio já é um problema de saúde pública que impacta 140 pessoas, a cada morte, direta ou indiretamente, em média”, observa a psicóloga.
Estereótipo traçado pelo senso comum
Após perder o marido por suicídio, há sete anos, Luciana começou a estudar o assunto, pois ele não tinha o perfil de uma pessoa que tiraria a própria vida, baseando-se no estereótipo traçado pelo senso comum. “Não aprendemos sobre isso na faculdade e não conhecia muita coisa a cerca do tema. O pouco que sabia era errado. Nossa família era feliz e Marden era uma pessoa muito animada, carinhosa, prestativo e um pai sempre presente. A morte dele foi totalmente inesperada, não só para mim. Hoje, após 23 anos formada em psicologia, entendo que ele tinha transtorno bipolar de personalidade".O impacto da situação a estimulou a estudar, buscar mais informações. Luciana Rocha alerta que não se sentiu culpada pelo ato do marido, embora seja comum que a maioria das pessoas envolvidas se sinta culpada ou “envergonhada”. “A morte já é um tema difícil nas conversas do cotidiano e, o suicídio, é ainda mais complexo. A verdade é que o assunto requer uma abordagem ao mesmo tempo sensível, acolhedora e profissional”, alerta.
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O livro foi escrito a partir de uma história de amor. “Eu não poderia deixar que essa história fosse esquecida, pois é muito maior que a forma como ele morreu. A dor é real e persiste, mas a pergunta não deve ser porquê, e, sim, para quê? As 120 páginas existem por causa da morte dele. Sei que não posso mudar o passado, contudo, posso aprender muito com essa experiência. O aprendizado me permite ajudar outras pessoas, tanto aquelas com alguma ideação suicida, quanto as que perderam alguém por essa causa”, destaca a psicóloga.