Jornal Estado de Minas

SAÚDE MENTAL

Você é um hipocondríaco? Quando a preocupação com a saúde vira doença

Certamente, você conhece alguém que tem um medo constante e irracional de ter, ou de vir a ter, uma doença grave. Qualquer alteração fisiológica incomoda esse indivíduo, pois tudo o que ele sente, remete a alguma doença em seu imaginário. São pessoas classificadas, no dito popular como hipocondríacos.





A psicanalista Andréa Ladislau afirma que essa condição é relativamente conhecida. "Os pacientes que sofrem desse mal estão sempre tentando encontrar alguma doença em seu corpo. O transtorno hipocondríaco ou transtorno de ansiedade de doença, como também é chamada, é uma neurose de doenças".

Andréa Ladislau destaca que, para o hipocondríaco, sintomas comuns e sem relevância são interpretados como sinais de que algo grave, potencialmente fatal ou degenerativo os acomete. "A pessoa que sofre com essa condição tende a não se sentir confortável sociabilizando com outras. Um ambiente no qual as coisas não estão sob seu controle pode incomodar. E para não ficar se preocupando com isso, o indivíduo volta a sua atenção para si mesmo. E todas as alterações fisiológicas lhe são mais perceptíveis. É uma espécie de tentativa de desvio de foco inconsciente". 

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Estratégia psicológica que leva ao transtorno

Conforme a psicanalista, é possível citar exemplos dessa estratégia psicológica que leva ao transtorno de ansiedade de doença: "Uma dor no peito, ocasionada pela presença de gases contidos na caixa torácica, por exemplo, pode ser rapidamente relacionada a um ataque cardíaco. Ou uma simples dor de cabeça vista como um indício de tumor cerebral. Para uma pessoa que não se foca nas doenças, essas sensações passariam despercebidos. Mas para um potencial hipocondríaco não. Os sintomas existem, mas são amplificados e, de forma inadequada, se faz a interpretação".





Andréa Ladislau explica que o agente causador desse transtorno pode ser, desde um trauma ou um susto a outros fatores emocionais como, a falta de atenção, a insegurança e a baixa autoestima. "Normalmente, a pessoa que sofre tem uma tendência a estar sempre muito bem informado sobre as mais variadas doenças, sintomas e medicamentos. Ele usa com frequência os sites de pesquisas e buscas para aprender tudo. O que vai diferenciar e potencializar a hipocondria é o exagero com que essa preocupação se dá".

A psicanalista avisa que é necessário ficar atento aos sinais:

  • Frequência assídua em serviços de saúde e consultórios médicos
  • Hábito constante de se automedicar
  • Excesso de checape e verificações da saúde
  • Pessimismo e depressão em geral
  • Não ter um médico de referência e trocar de médico frequentemente
  • Preocupação em tempo integral com doenças e modos de contração e sensação de grande ansiedade ao pensar sobre assuntos ligados a saúde, ficando em estado de angústia permanente.
Portanto, Andréa Ladislau alerta que, se você se sente desta maneira ou suspeita que algum parente ou amigo possa estar sofrendo dessa condição, procure orientar e buscar ajuda de um profissional de saúde mental.





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A psicnalista diz que com o tempo, se o transtorno hipocondríaco não for tratado, a pessoa pode desenvolver outros tipos de transtornos como a depressão, ou mesmo problemas físicos e orgânicos, provocados pela ingestão excessiva de remédios e de intervenções terapêuticas.

"Se preocupar com a saúde é normal, mas quando essa preocupação o consome, o alerta deve ser acionado. Por meio de um tratamento psicológico adequado, o paciente recupera sua autoestima, elimina as neuroses e consegue equilibrar mente e corpo, atingindo o bem-estar com resultados mais favoráveis para a promoção de uma vida saudável", garante a psicanalista.