O Ministério da Saúde confirmou, ontem, os dois primeiros casos da varíola dos macacos (monkeypox) em bebês. Um dos registros foi uma criança de 10 meses, que mora em São Paulo, estado considerado o epicentro da doença, com 2.528 confirmados e 1.243 suspeitos, de acordo com a pasta. O segundo foi um bebê de dois meses, em Conceição do Jacuípe, a 100km de Salvador.
No mundo, o Brasil é o terceiro país em número de ocorrências da monkeypox. Até segunda-feira, de acordo com o último boletim epidemiológico da doença monitorado pelo ministério, são 3.896 casos confirmados e 4.155 suspeitos — o que indica subnotificação da incidência da doença. Até o momento, 34 crianças, entre 0 e 9 anos, contraíram o vírus da varíola dos macacos no país. A atenção para a faixa etária infantil é maior pelo fato de que o sistema imune ainda não completamente desenvolvido pode levar ao agravamento da doença.
Nesse contexto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu, ontem, o pedido para análise da vacina que será importada pelo Ministério da Saúde, via Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), do laboratório dinamarquês Bavarian Nordic. A previsão é que cheguem três remessas do imunizante, totalizando 50 mil doses, como anunciou o ministro Marcelo Queiroga.
Na Anvisa, que liberou a exigência de registro, o pedido do governo passará pela avaliação da Comissão Técnica da Emergência Monkeypox, criada pela agência reguladora para dar celeridade aos atos necessários em relação à doença. Serão verificadas a concentração, a fórmula farmacêutica, as indicações e contraindicações, posologia, população alvo, via de administração e modo de uso, entre outras informações.
Além disso, serão comparadas as autorizações internacionais com as diretrizes regulatórias estabelecidas na Resolução da Diretoria Colegiada, que reconhece registros emitidos no exterior por agências reguladoras correlatas. Somente depois dessas etapas é que a diretoria da agência poderá aprovar a aquisião das vacinas contra varíola.
No entanto, Queiroga já avisou que as doses importadas não serão suficientes para "controlar o surto da doença". Os imunizantes serão direcionados apenas para profissionais da saúde que têm contato direto com os infectados.
Unicamp
Até o final de setembro, o Laboratório de Diagnóstico Molecular de Alto Desempenho da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estará capacitado para diagnosticar a varíola dos macacos. O laboratório terá duas máquinas que, ao receber as amostras de sangue de pacientes com sintomas da doença, poderá entregar o resultado em até oito horas. O exame será do tipo PCR. Os exames serão feitos via Sistema Único de Saúde (SUS) e atenderão à comunidade da própria universidade.
Leia também: Varíola dos macacos: como sintomas da doença mudaram e intrigam médicos.
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O Hospital das Clínicas da Unicamp é referência no tratamento da monkeypox e atua como instituição parceira do Instituto Adolfo Lutz, um dos laboratórios que estão autorizados a diagnosticar a doença no país.
A Unicamp criou cinco frentes para o combate à varíola — diagnóstico, pesquisa clínica, vigilância epidemiológica, pesquisa básica e comunicação. Todas essas atividades serão integradas à força-tarefa que está sendo implementada na universidade.