Jornal Estado de Minas

ESTÉTICA

Face taping: rosto esticado com fitas

Desde a Antiguidade, existem técnicas de maquiagem e truques para ressaltar a beleza. Com o passar dos anos e o desenvolvimento da tecnologia, muitas delas tiveram sua eficácia comprovada e são usadas até hoje. Outras, como o face taping, causam controvérsia.




 
A técnica consiste em aplicar fitas adesivas no rosto para dar um efeito de lifting e, apesar de ser usado há alguns séculos, na publicidade e no teatro, tem sido alvo de algumas polêmicas. O face taping ficou em evidência depois de virar trend nas redes sociais, principalmente no TikTok. Mulheres de todas as idades usam fitas, próprias para a pele ou não, para repuxar a pele e esconder rugas e marcas de expressão.
 
A visagista e maquiadora Clarissa Frota observa que a técnica teve — e ainda tem — relevância na criação da maquiagem, principalmente na artística e publicitária, mas ressalta não ver o face taping como algo que deva ser usado no dia a dia. "Vejo tantos problemas nisso. Um deles é como uma fita aplicada quase diariamente no rosto; vai irritar, mesmo que ela seja própria para a pele. O outro está muito relacionado ao distúrbio de imagem, dessa tentativa de trazer o filtro das redes para a vida real", comenta.
 
O debate entrou em evidência depois de uma nova campanha da Fendi com a supermodelo Linda Evangelista. Aos 57 anos, o trabalho de Linda deveria ser visto como uma vitória contra o ageísmo no mundo da moda, porém o uso das fitas para dar uma aparência – muito – mais jovem ao seu rosto causou críticas na internet.




 
Como maquiadora, Clarissa explica que muitas técnicas podem ser usadas para dar um retoque e esconder essa ou aquela ruga ou marca de expressão e que é natural que as pessoas queiram se sentir bem se olhando no espelho, mas que o objetivo deve ser valorizar os próprios traços e não se transformar em outra pessoa. "Assim como as roupas, a maquiagem é uma forma para nos expressarmos e devemos usá-la como uma arte que criamos para nós mesmas, não como uma ferramenta para se encaixar em um padrão", completa.

EQUILÍBRIO

A dermatologista Flávia Addor acrescenta que o objetivo de pacientes e dermatologistas nos consultórios deve ser a busca por um equilíbrio em que cada mulher seja a melhor versão de si mesma, mas dentro de sua faixa etária.
 
A médica explica ainda que, muitas vezes, existe a preocupação com a estética, e não é levada em consideração a saúde da pele. 
 
"De que adianta ter 70 anos, um rosto esticado, mas sem viço e sem qualidade? É muito mais belo ter 70, rugas e linhas de expressão naturais, mas um rosto com aparência saudável, hidratado, com contornos bem desenhados, respeitando sua compleição."





A saúde do rosto  Com relação à saúde da pele, Clarissa acrescenta que a pele é um órgão elástico, e quanto mais você puxá-la mais ela vai ficando elástica, o que pode causar um efeito rebote. As pessoas mais jovens podem acabar ficando com o rosto mais flácido do que o comum em sua idade e sentir a necessidade de usar cada vez mais procedimentos estéticos.
 
Flávia acrescenta que usada uma vez ou outra, para dar o famoso "efeito Cinderela", as fitas não são um grande problema, mas seu uso continuado pode trazer danos à saúde do rosto e até mesmo do corpo, quando usadas em outras áreas, como os seios.
 
As colas presentes nas fitas, mesmo as que têm química formulada especialmente para a pele, podem causar dermatites de contato e alergias, assim como ocorre com as pessoas que precisam usar curativos por muito tempo na mesma região.
 
Além das colas, Flávia chama a atenção para a remoção constante das fitas. "Quando puxamos um curativo ou essas fitas, a pele fica irritada. Uma das camadas de proteção é removida e, se isso é feito todo dia no mesmo local, pode causar fissuras."