"Como em humanos, a catarata canina consiste na perda de transparência do cristalino, que é a lente natural dos olhos, responsável pela passagem da luz até a retina para formar as imagens. Os principais sintomas são opacidade dos olhos e perda da visão. O diagnóstico é feito mediante consulta clínica com veterinário especializado. O tutor ou a tutora deve dar atenção à saúde ocular do seu pet, pois alguns indícios podem representar um comprometimento na vista, como esbarrar em objetos e móveis, ansiedade ou apatia, mudança na coloração dos olhos, num tom azulado", elucida Luiz Fernando Lucas Ferreira, médico veterinário, doutor em cirurgia veterinária.
O profissional explica que inflamação e diabetes são fatores de risco, mas alguns estudos relacionam a condição à herança genética. "A catarata costuma ser mais incidente entre as raças poodle, cocker spaniel, schnauzer, yorkshire terrier, shih-tzus, entre outras. Vale lembrar que, além da catarata, os cães podem manifestar outras doenças oculares, como glaucoma, úlcera de córnea, uveíte, entrópio e ceratoconjuntivite seca (CCS)", afirma Ferreira.
Fábio Brito, que também é médico veterinário e pós-doutor em oftalmologia veterinária, frisa que o acompanhamento de um especialista desde o primeiro ano de vida é crucial para prevenir e/ou corrigir problemas de visão. "Apesar de as pessoas associarem a catarata ao paciente idoso, existe a catarata congênita, em que o animal já nasce com catarata, e a catarata juvenil, ou seja, que acomete o paciente entre um e três anos de idade. Então, é importante fazer consultas periódicas, uma vez ao ano", alerta o médico, que também é presidente do Colégio Brasileiro de Oftalmologia Veterinária (CBOV).
"Existem várias consequências quando a catarata não é tratada, ou seja, quando o animal não é submetido à cirurgia, dentre eles podemos citar: luxação do cristalino (o cristalino sai do lugar), inflamações intraoculares, glaucoma e descolamento da retina, que podem até mesmo levar o pet à perda da visão de forma irreversível", complementa Fábio.
A boa notícia é que a catarata canina é reversível e já pode ser tratada por meio de métodos consagrados na medicina humana. Trata-se de uma cirurgia realizada através da facoemulsificação (cirurgia menos invasiva), que consiste na retirada do cristalino e substituição por uma lente intraocular.
Uma das novidades para este mercado é o recente lançamento das lentes IoVet, da ViZoo Oftalmologia Veterinária, uma lente intraocular de micro-incisão desenvolvida especificamente para pets que tem como diferenciais alta estabilidade, performance e segurança.
"Em parceria com a ViZoo, a lente foi concebida após três anos de pesquisas no centro de P&D da Mediphacos, empresa brasileira que exporta seus produtos para mais de 60 países e é parceira, e seu projeto passou por otimizações ópticas e mecânicas com os softwares e equipamentos mais modernos do mundo na área da física óptica da visão. É considerada a lente mais fina do mundo, favorecendo o implante e a recuperação pós-cirúrgica; se adapta a diversos tamanhos de olhos; tem alta qualidade óptica atestada através de padrões empregados na oftalmologia humana", descreve Leonardo Paolucci, CEO da Mediphacos.
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O executivo relata que o procedimento para implante das lentes é uma alternativa eficaz contra a cegueira, e deve ser feito por médico veterinário especializado, com formação e treinamento técnico específicos. "Dependendo da expectativa de vida, estima-se que em torno de 50% dos cachorros poderão apresentar a doença. Contudo, é comum ouvir de tutores que seus cães perderam a visão em decorrência da catarata, porque desconheciam essa solução", declara.
Luiz Fernando informa que a cirurgia de catarata canina é considerada recente no Brasil, chegou há pouco mais de 20 anos, sendo mais frequente e realizada há mais tempo nos EUA, Canadá, Japão, na Europa e Austrália. "Até o momento, realizei mais de duas mil cirurgias de catarata com taxa de sucesso acima de 90%. A intervenção dura cerca de 20 minutos, o que dependerá do grau de maturidade da catarata, e é feita sob anestesia geral. O pós-operatório é de 30 dias, com uso de colírios. Nesse período, o paciente fica com o colar elisabetano, é recomendável não fazer muito esforço, mas pode realizar atividades rotineiras", ilustra.
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Para realizar o procedimento, são necessários alguns exames prévios, conforme explica Fábio Brito. "São solicitados exames como hemograma, função hepática e renal, exames bioquímicos e parecer cardiológico, tendo em vista que o paciente será submetido a uma anestesia geral. É realizada ainda uma ultrassonografia para avaliar a morfologia dos olhos, mensurar o tamanho do cristalino para chegar ao tamanho ideal da lente intraocular, além de verificar se ainda existe luxação ou subluxação da lente e descolamento da retina", declara.
"Um outro exame extremamente importante é a eletrorretinografia, que avalia a atividade elétrica das células da retina responsáveis pela visão - os bastonetes e os cones, tendo em vista que muitos dos animais apresentam degenerações retinianas, principalmente atrofia progressiva da retina, uma doença genética incurável que é uma contraindicação para a cirurgia se estiver em estágio avançado". O especialista acrescenta que a técnica também é contraindicada para pacientes com glaucoma com perda da visão e paciente que não pode ser submetido a uma anestesia geral.
Segundo o médico veterinário, o preparo do paciente é feito com antibióticos e anti-inflamatórios tópicos e antibiótico sistêmico, por volta de um a três dias antes do procedimento, dependendo de cada medicamento, além de cicloplégicos para dilatação da pupila.
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"A cirurgia em si é simples e rápida: é feita uma incisão de 2,8 milímetros, seguida de uma abertura na cápsula anterior que envolve o cristalino e, com ajuda do aparelho de facoemulsificação, a catarata vai sendo fragmentada e aspirada até sua completa remoção. Depois de completamente removida, é implantada uma lente artificial específica para cães e fechada a incisão com dois pontos para finalizar a cirurgia", explica o especialista.
"Após cerca de 30 dias o cão poderá retomar normalmente todas as suas atividades, livre de um problema que certamente afetaria muito sua qualidade de vida", completa Fábio.