O Dia Nacional de Conscientização sobre a esclerose múltipla (30/8) foi instituído pelo Ministério da Saúde em 2006, com o objetivo de aumentar a visibilidade da doença, informar a população e alertar para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. A doença é predominante em mulheres, entre 18 e 55 anos, e sua taxa de prevalência no Brasil é próxima a 15 casos a cada 100 mil habitantes.
De acordo com o neurocirurgião funcional, Plínio Duarte, a esclerose múltipla é uma doença neurológica autoimune, inflamatória e crônica, na qual o sistema imunológico ataca a bainha de mielina - uma estrutura protetora de neurônios, que acelera a condução do impulso nervoso.
"No paciente com a doença, acontecem lesões neurológicas, que causam uma série de sintomas, como redução de força (mãos, braços, pés e pernas), alteração do equilíbrio e da coordenação motora, dor, espasmos musculares, fadiga intensa, dificuldades de fala e deglutição, alterações da visão, entre outros", explica o especialista.
Atualmente, não há cura para a doença. No entanto, existem tratamentos que buscam reduzir a atividades inflamatória e os surtos, contribuindo para diminuir o acúmulo de incapacidades ao longo da vida e amenizando os sintomas. Além do suporte medicamentoso, uma das inovações em relação a tratamentos e opções para melhorar a qualidade de vida do doente são as terapias à base de cannabis.
"É importante reforçar que a solução à base de cannabis não é um tratamento para a esclerose múltipla, mas, sim, uma opção a mais para tratar um dos sintomas desta doença, a espasticidade, que pode impactar significativamente a qualidade de vida do paciente, muitas vezes o impedindo de realizar atividades simples do dia a dia", afirma Plínio Duarte.
No Brasil, já está à disposição uma solução oral que combina THC e CBD, dois componentes da cannabis, para controlar um dos principais sintomas, a espasticidade - que é descrita como uma sensação de peso e rigidez nos músculos, dificultando a movimentação do paciente. A consequência disso é um impacto considerável na qualidade de vida, impedindo a realização de atividades simples do dia a dia.
"Trata-se de uma alternativa àquele paciente que não se adapta a outros tipos de tratamento ou, mais frequentemente, como adjuvante a outras terapias, não necessariamente as substituindo. Quando o uso é bem orientado, por profissionais que têm conhecimento a respeito do manejo da medicação em concentrações adequadas, tem demonstrado boa tolerabilidade e bons resultados entre alguns pacientes com espasticidade", comenta.
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O especialista esclarece que o tratamento da espasticidade com solução à base de cannabis pode promover o relaxamento da musculatura e com isso a redução da dor, a partir da diminuição dos efeitos dos neurotransmissores excitatórios, como o glutamato. "Como consequência, pode contribuir significativamente para a melhora da marcha do paciente, ou seja, quando ele não consegue andar em linha reta, podendo otimizar medidas de reabilitação e, com isso, melhorar a qualidade de vida."
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.