Assim como lesões na pele e alterações nas unhas, a queda de cabelo está entre os diversos sintomas estranhos da COVID-19. Mesmo não estando ligado diretamente à enfermidade, boa parte dos infectados acaba sofrendo com esse desdobramento e busca medicamentos para revertê-lo, como o Minoxidil. Acontece que esse remédio não é o mais indicado para essa situação, alertam dermatologistas.
Fabiane Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), explica que, em geral, o uso não é recomendado devido ao mecanismo de ação do produto.
Em uma pessoa sem problemas de queda, cada fio de cabelo se mantém crescendo por mais ou menos seis anos, até chegar à fase em que cai e é substituído por um novo. Isso acontece ao longo da vida inteira.
"Já nos pacientes com calvície, esse ciclo é mais curto e os novos fios vão afinando. O que o Minoxidil faz é estender esse tempo", afirma Brenner.
Leia Mais
Candidato presidencial sul-coreano promete financiar tratamento contra calvícieCientistas japoneses anunciam método contra calvícieCriada nova técnica de enxerto capilar para combater calvícieNão acredite em promessas de quantidade de fios no transplante capilarAnvisa dá alerta sobre produtos para trançar cabelosCabeleireira mineira com alopecia fica careca: 'Perdi os fios e clientes'Produtos para alisar o cabelo podem aumentar risco de câncer de úteroEslovênia tem alopecia areata: saiba importância do diagnóstico precoceVacina contra COVID: China aprova primeiro imunizante por inalaçãoCOVID: Agência Europeia de Medicamentos alerta para novas variantesCanadá aprova vacina da Moderna contra variante ômicronNo caso da infecção por coronavírus, a queda de cabelo costuma ser temporária, e a ação inicial do Minoxidil pode acentuar o problema em vez de resolvê-lo. "Não é que ele não possa ser usado, mas depende da fase da terapia e da queda. Na maioria das vezes, a gente não precisa utilizar porque o paciente vai se recuperar sozinho depois da COVID", diz a coordenadora da SBD.
Normalmente, o Minoxidil é utilizado para tratar tipos de queda bem específicos, como alopecia androgenética (popularmente conhecida como calvície), alopecia areata (perda de cabelo em formato circular) e alopecia frontal fibrosante. Ele pode ser aplicado de forma tópica no local afetado ou consumido via oral em casos mais avançados.
Além de prolongar o ciclo capilar, o remédio age através do estímulo ao crescimento dos fios. A dermatologista Simone Neri, que atende em Osasco (SP), informa que ele aumenta a circulação da região afetada pela queda, o que gera uma dilatação dos vasos sanguíneos. Esse processo melhora o aporte de nutrientes dentro do folículo piloso, que é a estrutura responsável pela produção e crescimento dos fios na pele.
Apesar de não funcionar em casos de COVID-19, Brenner acha positivo que as pessoas estejam dando mais atenção à perda capilar por causa da pandemia. Porém, ela reforça a necessidade de buscar a ajuda de um profissional ao invés de se automedicar.
"O paciente pode procurar um especialista por causa da queda por COVID, que é temporária, mas ali ele descobre que na verdade tem calvície, por exemplo. Daí a importância de fazer um diagnóstico diferencial", afirma a dermatologista.
O Minoxidil não deve ser consumido por gestantes, crianças e portadores de problemas renais, cardíacos e hepáticos e pode causar hipotensão e desmaio.