No dia 10 de setembro é celebrado o Dia de Combate à Gordofobia e, com o objetivo de aprofundar o entendimento da temática em âmbito nacional, acabam de ser lançados os resultados da Pesquisa Mapeamento da Gordofobia no Brasil.
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"É possível ser gorda e feliz": modelo argentina luta contra gordofobiaEstá na hora de criminalizar a gordofobia?Abaixo a magreza excessiva: biotipo não é tendênciaMulher que conseguiu 'cheirar' Parkinson no marido inspira teste da doençaPromovida pela jornalista Thamiris Rezende, a pesquisa mensura quais são os fatos cotidianos que escancaram o preconceito e a segregação social pelo corpo. “Sem números não há problema. Para entendermos a complexidade de uma problemática como a gordofobia, é preciso mapear estatisticamente para então refletirmos como sociedade quais são as ações concretas e políticas públicas que devem ser adotadas no combate ao preconceito e exclusão social”, explica a idealizadora.
Quando questionados quanto ao primeiro contato com a gordofobia, 59,5% das pessoas afirmam ter sido acometidas pela violência e exclusão na infância, até os 10 anos de idade, e 18,2% durante a adolescência, até os 18 anos de idade.
Leia também: Gordofobia: quando o padrão que importa é o da sua saúde.
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A gordofobia é um preconceito que estrutura todo um conjunto de ações que excluem, segregam e inviabilizam o corpo gordo. Trata-se de um problema estrutural que precisa ser combatido com políticas públicas, conscientização social e busca por ações efetivas que quebrem o ciclo de violência com os corpos gordos.
Destaque para pontos relevantes
Mercado de trabalho
- 50,1% dos brasileiros precisam lidar com colegas de trabalho que fazem piadas com o próprio corpo ou com foco em outras pessoas gordas;
- 50,4% lidam com a falta de cadeiras e mobiliários adequados;
- 56,1% enfrentam o desafio com uniformes que causam constrangimento e falta de disponibilidade de tamanho;
- 41% apontam cabines de banheiro estreitas nos escritórios e ambientes de trabalho;
- 29,2% afirmam ter dificuldades de acessar o mercado de trabalho;
- 8% relatam que as empresas preferem que a pessoa gorda não tenha contato direto com cliente e fique no backstage;
- 6,5% não foram aprovados no exame admissional por conta do peso;
- 22,9% das pessoas gordas enfrentaram gestores que sugeriram perda de peso.
Acesso à saúde
- 70,1% relatam atendimento médico negligente;
- 25,7% relatam falta de macas, braçadeiras e equipamentos médicos que comportem o seu corpo em hospitais e centros de saúde;
- 39,5% receberam indicação de cirurgias bariátricas sem exames e uma análise prévia de saúde;
- 63% tiveram queixas de saúde ignoradas;
- 86,4% receberam recomendação para perda de peso sem análise prévia de exames;
- 56,9% relatam atendimento médico desrespeitoso;
- 77,4% tiveram a qualidade de vida questionada por serem gordas.
Cotidiano
- 42,5% enfrentam catracas que impedem acesso livre aos locais e transporte público;
- 52,6% relatam bares, restaurantes, cinemas, teatros e espaços privados com cadeiras que não comportam o corpo gordo;
- 86,1% têm dificuldade de encontrar vestuário;
- 32,7% possuem parceiros amorosos que insistem no emagrecimento;
- 70% têm familiares e amigos que fazem piadas com seu corpo;
- 63,8% enfrentam habilidades questionadas por serem gordas.
Consequências individuais da gordofobia
- 82,9% apontam sofrer com sintomas de ansiedade;
- 54,2% têm sintomas de depressão:
- 60% tem transtornos alimentares:
- 40,3% tem transtorno dismórfico corporal:
- 16,3% está com transtornos de personalidade.
O papel das redes sociais
Para muitos, os gordoativistas que atuam nas redes sociais têm alto impacto, uma vez que, para 27,9% dos brasileiros, os conteúdos na internet apoiam o enfrentamento individual da gordofobia.
O acompanhamento psicológico e terapêutico é a opção de enfrentamento para 23,4% dos brasileiros. No entanto, a culpabilização da vítima se mostra efetiva para 13,6% das vítimas de gordofobia, que se culpam e tentam perder peso, e outras 16,7% internalizam a violência sofrida.
“A gordofobia causa uma série de problemas de saúde. No que diz respeito à saúde física, a pesquisa escancara um dos problemas mais latentes da gordofobia: a inviabilização ao acesso aos cuidados de saúde com atendimento médico negligente e desrespeitoso. Além disso, todas as situações de gordofobia geram nos brasileiros uma série de consequências emocionais e mentais e, ainda, a busca pelo tratamento psicológico é muito baixa. Enquanto isso, a gordofobia adoece as pessoas gordas dia após dia", alerta Thamiris Rezende.
Para ter acesso à pesquisa na íntegra acesse: Link.