Um estudo apresentado no último dia 26 de agosto pela revista Gallup aponta que os norte-americanos estão fumando mais maconha do que cigarro de tabaco pela primeira vez na história.
Agora, mais pessoas admitem abertamente que fumam maconha ou consomem comestíveis com infusão de cannabis do que dizem que fumaram cigarros (em relação a semana anterior). A pesquisa acrescenta ainda que o consumo de cannabis provavelmente continuará aumentando nos próximos anos.
Isso apesar do fato de que a posse de maconha continua proibida pelo governo federal dos Estados Unidos e é punível com prisão em alguns estados, enquanto o tabaco permanece legal em todo o país.
As tendências no uso de cannabis e tabaco vêm se movendo nessa direção nas últimas décadas, à medida que campanhas de saúde pública e outras medidas de prevenção do governo visam os cigarros, enquanto mais estados começaram a legalizar a maconha para uso medicinal ou recreativo.
De acordo com dados de uma pesquisa realizada em julho, um recorde de 16% dos americanos dizem que atualmente fumam cannabis, enquanto apenas 11% relataram ter fumado um cigarro na semana anterior, como a CNN apontou em uma análise recente.
Além disso, a Gallup também perguntou pela primeira vez este ano se as pessoas consomem comestíveis de cannabis, com 14% dizendo que sim. Em 2013, a primeira vez que o Gallup perguntou sobre o uso atual de maconha, apenas 7% disseram que fumavam maconha ativamente. Por volta da mesma época, o uso de cigarros na semana anterior ficou em torno de 20%, ainda abaixo de uma alta de 45% em meados da década de 1950.
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O álcool continua sendo a substância recreativa mais usada nos EUA, mostram os dados, apesar do amplo reconhecimento de que o álcool tem efeitos nocivos. 45% dos entrevistados disseram que beberam álcool na semana anterior, enquanto 67% disseram que ingerem álcool ocasionalmente.
Isso é, no geral, consistente com os resultados de uma outra pesquisa divulgada em março que descobriu que mais americanos acham que seria bom se as pessoas mudassem para cannabis e bebessem menos álcool em comparação com aqueles que acham que a substituição da substância seria ruim.
"Em suma, os adultos americanos são significativamente mais propensos a usar álcool do que maconha ou cigarros. E embora o consumo de álcool tenha permanecido relativamente constante ao longo das décadas, o uso de cigarros é agora menos de um quarto do que era na década de 1950", disse a Gallup em uma nova análise. "O uso regular de maconha pelos americanos é modestamente maior do que o de cigarros neste momento, mas a tendência nas últimas décadas no uso de maconha é ascendente", completou.
Frank Newport, cientista sênior da Gallup, disse que o "futuro do uso de maconha está, eu diria, um pouco no ar, mas a probabilidade maior é de que seu uso aumente em vez de diminuir".
Isso se baseia em tendências observáveis no uso, na disseminação do movimento de legalização nos estados dos EUA, no crescente apoio público ao fim da proibição e no fato de que as pessoas geralmente percebem que a cannabis é menos prejudicial.
"Os americanos reconhecem os efeitos nocivos de fumar cigarros, e o hábito de fumar diminuiu significativamente no último meio século e pode-se esperar que continue nessa trajetória", disse Newport.
"Os americanos são mais ambivalentes sobre os efeitos de fumar maconha, e seu uso futuro pelos americanos dependerá em parte das mudanças no reconhecimento de seus danos potenciais e em parte das mudanças contínuas em sua legalidade nos estados da união", completou.
Outro indicador de que a tendência provavelmente continuará nas direções atuais é o fato de que os jovens são significativamente mais propensos a dizer que usam maconha do que tabaco. 30% das pessoas com menos de 35 anos disseram que fumam maconha, enquanto apenas 8% da mesma faixa etária relataram ter fumado cigarros na semana anterior.
Os dados usados para esses relatórios são baseados em uma pesquisa em que a Gallup fez perguntas relacionadas a drogas para 1.013 adultos de 5 a 26 de julho. A margem de erro foi de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.