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Estado de Minas UROLOGIA

Adolescentes e urologista

SBU alerta que número de atendimentos de meninos de 12 a 18 anos por especialistas é 18 vezes menor que consultas de meninas, na mesma faixa etária


11/09/2022 04:00 - atualizado 12/09/2022 10:40

diretora de Comunicação da SBU
Karina Anzolch (foto: arquivo pessoal)


Levantamento inédito realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com dados do Sistema de Informação Ambulatorial  (SIA) do Ministério da Saúde, aponta que o número de atendimentos de adolescentes meninos de 12 a 18 anos por urologista é 18 vezes menor que o de atendimentos de meninas por ginecologista, na mesma faixa etária. 
 
A SBU realiza em setembro, pelo quinto ano consecutivo, a campanha #VemProUro, que este ano enfatiza a importância de o menino também cuidar da sua saúde genital e reprodutora. A entidade se engaja ainda na luta contra os cânceres provocados pelo HPV, conclamando os responsáveis a levar seus filhos adolescentes para receber a vacina.
 
Médico
Ministério da Saúde aponta que menos de 40% dos meninos têm as duas doses da vacina do HPV (foto: patmedsaude.com.br/reprodução)
 
 
Karin Anzolch, diretora de comunicação da SBU, lembra que, enquanto grande parte das meninas, após sair do pediatra, seguem com os cuidados frequentes com a saúde, indo periodicamente ao ginecologista, sendo orientadas sobre sua saúde geral e genital, o menino de repente cai em um limbo de assistência médica. Isso acontece muitas vezes pela ideia de achar que procurar um médico não é necessário; em outras ocasiões, simplesmente porque não sabem o que isso traz de benefícios.

"E então se sustenta uma cultura de que homem só vai ao médico quando estiver doente, o que acaba gerando um prejuízo muito grande para si e para todos os que de certa forma interagem com ele. É essa a mentalidade que deve mudar e a SBU tem trabalhado muito por isso", explica Karin Anzolch.
 
"Talvez o legado mais importante de todo o movimento #VemProUro seja realmente a aproximação precoce do menino com os cuidados de saúde, incluindo a genital, tão importante para a qualidade de vida, para as relações e para a saúde global, seja através do urologista, do clínico geral, do hebiatra ou do médico da família", complementa.
 

"Então, se sustenta uma cultura de que homem só vai ao médico quando estiver doente, o que acaba gerando um prejuízo muito grande para si e para todos os que de certa forma interagem com ele"

Karina Anzolch, diretora de Comunicação da SBU

 
 
Os dados de atendimentos gerais dos adolescentes no Sistema Único de Saúde (SUS) corroboram a análise de que os jovens meninos não cuidam da saúde. Outros números de 2020 do SIA mostraram que o acesso das meninas entre 12 e 19 anos ao SUS foi quase 2,5 vezes maior que o dos meninos – 10.096.778 meninas, contra 4.066.710 meninos.
 
Ao longo do mês de setembro, a SBU vai realizar ações on-line de esclarecimento, como lives e vídeos, no seu perfil nas redes sociais do Portal da Urologia (@portaldaurologia). Também haverá palestras on-line de urologistas em escolas para adolescentes. E pelo site (www.portaldaurologia.org.br) estão conteúdos com temas voltados para os adolescentes.
Neste ano, serão abordadas as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), em particular o HPV, e a importância da vacinação já no período inicial da adolescência, antes da primeira relação sexual. O HPV é a principal causa de câncer de colo do útero e também está associado ao câncer de pênis. Dados do Ministério da Saúde apontam que menos de 40% dos adolescentes masculinos têm as duas doses da vacina do HPV.
 
Outros números do Ministério da Saúde, obtidos com exclusividade pela SBU, mostram que em 2021 foram registrados 189.943 atendimentos femininos por ginecologistas na faixa etária de 12 a 18 anos, contra 10.673 atendimentos masculinos por urologista nessas mesmas idades, o equivalente a cerca de 18 vezes a menos. Em 2020, foram 165.925 atendimentos femininos por ginecologistas e 7.358 atendimentos de meninos por urologistas.
 
"Esses números enfatizam a discrepância existente entre os cuidados de saúde entre os sexos na adolescência. A ida ao médico de forma regular está presente na vida das meninas, enquanto a visita ao urologista se resume, de forma geral, à presença de alguma doença aguda do trato geniturinário, pouco comum nessa fase da vida", analisa Daniel Zylbersztejn, coordenador da campanha.

ISTs entre jovens

Entre as ISTs mais comuns entre os adolescentes estão sífilis, herpes simples, cancro mole, HPV, linfogranuloma venéreo, gonorreia, tricomoníase, hepatites B e C e HIV.  Pesquisa realizada pela SBU em 2020 com esse público constatou que 44% dos entrevistados não usaram preservativo na primeira relação sexual e 35% não usam ou usam raramente. Já 38,57% dos meninos disseram não saber sequer colocar o preservativo.
 
"A geração atual não viveu o medo da Aids como as gerações passadas, quando havia inúmeras campanhas para uso de preservativo. Devido a essa redução nas campanhas educativas é que estamos observando dados alarmantes como esses", comenta José Murillo Bastos Netto, coordenador do Departamento de Urologia do Adolescente da SBU.
 
NO MÉDICO 

Quando o adolescente comparece à consulta com um urologista, vários quesitos são avaliados: 

Desenvolvimento físico e nutrição

Condições gerais de saúde

Noções sobre a higiene correta do corpo e dos órgãos genitais

Identificação e medidas preventivas para o desenvolvimento de doenças futuras, como os fatores hereditários e comportamentais

Exame testicular e orientações sobre o autoexame para detecção de anormalidades, como varicocele (veias dilatadas nos testículos que podem levar à infertilidade)

Hérnias

Testículos mal descidos e tumores no órgão (cuja idade de maior risco começa por volta dos 14 a 15 anos)

Orientações sobre ISTs

Paternidade responsável e prevenção de gravidez indesejada

Uso correto do preservativo

Fimose

Excesso de pele no pênis

Dúvidas sobre sexualidade e desenvolvimento genital, como o tamanho peniano (um questionamento frequente)

Avaliação da caderneta de vacinação 

Orientações a respeito do início da vida sexual 


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