Jornal Estado de Minas

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Greenwashing: como identificar produtos de beleza realmente sustentáveis


Seguindo a linha do desenvolvimento sustentável, premissa na ordem do dia em diferentes segmentos da sociedade, o mercado de dermocosméticos e itens de beleza aos poucos incorpora opções que levam em consideração não só as matérias-primas usadas em determinados produtos, mas também caminha com a intenção de gerar o mínimo possível de resíduos, utilizando embalagens biodegradáveis.



Mas tudo tem seu contraponto. Nesse contexto, o conceito de greenwashing, expressão que quer dizer "lavagem verde" ou "maquiagem verde", classifica empresas que se dizem sustentáveis, mas não são, enganando os consumidores.

Segundo o biomédico e mestre em medicina estética, Thiago Martins, produtos tidos como naturais podem conter ativos que são perigosos tanto para a saúde individual quanto para a saúde do planeta.

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"Nós vemos, graças à facilidade de acesso a informações, pessoas preocupadas com o que estão consumindo. Antigamente, existiam poucas marcas consideradas boas e, quase sempre, não se tinha ideia do que estava em suas composições, fossem cremes para o rosto, shampoos ou condicionadores. Muita gente elegia um produto como bom pelo seu preço e popularidade", argumenta.



O especialista orienta sobre a importância de saber fazer a leitura correta dos rótulos para entender quais são os ingredientes usados nas fórmulas. "É o primeiro passo para saber se estamos, ou não, consumindo greenwashing", diz.

É o caso da servidora pública Lívia Milagres que, há cerca de um ano, passou a pesquisar mais sobre biocosméticos e entender o que deveria usar para melhorar a saúde do cabelo. "Eu sempre achei que cuidava bem dos meus fios. Durante anos fiz uso de tratamentos químicos e, por isso, realizava cronograma de tratamento capilar semanal com produtos que eu acreditava serem realmente bons e potentes. Depois que comecei a pesquisar mais sobre o assunto foi um choque. Nada daquilo que eu usava cumpria o propósito descrito na embalagem." Atualmente, Lívia dá preferência a composições com baixo sulfato e produtos em geral sem silicones, petrolatos, óleos minerais e parabenos.

Thiago Martins explica como identificar produtos de qualidade confiável, realmente orgânicos, biodegradáveis e recicláveis. "Ensinar a decifrar alguns ingredientes que fazem parte de muitas das fórmulas oferecidas no mercado de beleza atual é um dos caminhos", recomenda.



Biomédico e mestre em medicina estética, Thiago Martins explica como identificar produtos de qualidade confiável, realmente orgânicos, biodegradáveis e recicláveis (foto: Jean Assis/Divulgação)
O especialista enumera:

Sulfato: pode estar no rótulo como lauril sulfato de sódio e lauril éter sulfato de sódio. O componente é detergente e surfactante e pode causar ressecamento dos fios de cabelo, além de irritação nas peles mais sensíveis.

Parabenos: pode ser encontrado também como paraben ou butilparabeno. O conservante pode causar alterações hormonais, desencadear alergias, irritações e sensibilidade na pele.

Ftalatos: podem estar nos rótulos como phthalate, DEP, DBP, DEHP e fragrance. São disruptores endócrinos e podem causar desregulação hormonal.

Petrolatos: aparecem nos rótulos como "petrolatum". São derivados do petróleo (fonte não renovável). Podem ser encontrados como óleo mineral ou mineral oil, parafina líquida ou paraffinum liquidum e vaselina líquida.



Fragrâncias sintéticas: vistas nos rótulos como "parfum", podem desencadear alergias.

Silicones: têm terminações como cone, siloxane e conol, e fazem uma espécie de maquiagem nos fios, impedindo a reposição de nutrientes.

Thiago Martins também cita o movimento clean beauty, que está atento às questões relacionadas à saúde e ao meio ambiente, os cruelty-free, aqueles que não são testados em animais, veganos, que não possuem nenhuma matéria-prima de origem animal, orgânicos, livres de químicos e que respeitam o ciclo natural da matéria-prima, e naturais, que possuem, no mínimo, 95% de matérias-primas e não contêm os ingredientes citados por ele, além de outros, como triclosan, mercúrio, hidroquinona, PEGs, Imidazolidiny Urea, Diazolidiny Urea, BHA e BHT.

"Cada um deles reflete a conscientização de camadas importantes da sociedade com relação à promoção de saúde dos consumidores e também da sociedade, com agendas importantes como o futuro do planeta. Vale, com certeza, começar a utilizá-los."