A atriz Larissa Manoela, de 21 anos, usou seu Twitter, nesta terça-feira (20/9), para desabafar sobre o resultado do seu exame de ultrassom realizado esta semana. Ela, que também tem endometriose, agora recebeu o diagnóstico de síndrome do ovário policístico.
"Ontem, através de um ultrassom detalhado, eu descobri que, além de endometriose, eu tenho também ovário policístico. Não é fácil ser mulher. O diagnóstico me assusta e confesso dar uma desestabilizada. Mas estou certa de que vou encontrar o melhor tratamento para ambas as doenças", disse ela.
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) está entre as principais causas de infertilidade no público feminino e afeta em média 15% das mulheres em idade reprodutiva.
Sem causa específica estabelecida, o ginecologista obstetra Fernando Prado, especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, explica que a síndrome dos ovários policísticos ocorre quando, devido ao aumento na produção de hormônios masculinos na mulher, o processo de ovulação sofre interferência. "Essa interferência pode levar à formação de cistos nos ovários e ao atraso ou interrupção da menstruação devido à falta de ovulação, consequentemente, dificultando as chances de uma gravidez natural."
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O problema é que, em muitos casos, a SOP passa despercebida e não é diagnosticada. Por isso, é fundamental prestar atenção aos sintomas e realizar consultas regulares ao ginecologista, já que, apesar de não ter cura definitiva, se não controlada, pode causar impacto significativo na saúde, estando associada a doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade, além de risco de câncer de endométrio. "Além do atraso ou interrupção da menstruação e a dificuldade de engravidar, a pessoa que sofre com SOP pode notar outros sintomas, como ganho de peso, crescimento de pelos no corpo, surgimento de acne, inflamação e resistência insulínica", aponta o médico.
"Vale ressaltar que apenas a presença de cisto nos ovários não caracteriza um quadro de síndrome dos ovários policísticos, visto que a formação de cistos nos ovários é normal em mulheres na idade reprodutiva devido ao ciclo menstrual. No geral, o diagnóstico da SOP é dado quando são observados duas das três principais características da doença, incluindo ciclo menstrual irregular, altos níveis de hormônios andrógenos e presença de muitos cistos nos ovários", acrescenta Fernando.
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Uma vez diagnosticada a doença, o médico poderá recomendar estratégias para ajudar no controle dos sintomas, podendo variar de acordo com a gravidade do quadro e das características de cada mulher, incluindo sua vontade ou não de engravidar. De cordo com o especialista, o principal método de tratamento da síndrome é a adoção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada e a prática regular de exercícios físicos.
"Já a terapia medicamentosa pode ser realizada com pílulas anticoncepcionais para regularizar a menstruação ou, caso a mulher queira engravidar, indutores de ovulação. Em caso de resistência insulínica, o médico também pode receitar hipoglicemiantes para controlar o quadro e afastar o risco de diabetes. No entanto, o mais importante ao notar os sintomas da síndrome do ovário policístico é consultar um ginecologista para receber o diagnóstico e tratamento adequado", afirma.
Gravidez e ovários policísticos
Segundo o especialista, ainda que o processo de ovulação não ocorra da maneira adequada, as mulheres com SOP produzem muitos óvulos de boa qualidade. Na verdade, devido às características da doença, elas tendem a responder melhor ao procedimento de congelamento de óvulos do que outras mulheres.
"Sabemos que mulheres que sofrem com o problema têm níveis maiores de hormônio anti-Mulleriano, que é responsável por regular o desenvolvimento e o crescimento dos folículos e serve como um indicador da reserva ovariana e da quantidade de óvulos que podem ser congelados em um ciclo. Dessa forma, quem sofre com a doença, por ter maior quantidade de óvulos, precisa passar por menos ciclos de estimulação ovariana e coleta para alcançar o número desejado de óvulos para congelamento e posterior fertilização", destaca.
Mas, com exceção do menor número de ciclos requeridos, o processo de congelamento de óvulos para mulheres com SOP é o mesmo de quem não sofre com a doença, com exames para verificar a qualidade dos óvulos, uso de pílulas anticoncepcionais para desativar hormônios e um período de estimulação ovariana medicamentosa para que os óvulos sejam amadurecidos.
"Só então os óvulos são aspirados no consultório médico com o auxílio de uma pequena agulha que é inserida na vagina, o que é feito sob efeito de sedação, para serem, em seguida, congelados. Uma vez congelados, os óvulos podem permanecer dessa maneira por um longo período sem perderem sua viabilidade até que a mulher esteja pronta para engravidar por meio da Fertilização In Vitro. É importante também ajustar a dose dos hormônios que serão usados no processo de estimulação da ovulação, para que a mulher não tenha riscos de hiperestimulação ovariana, que é mais arriscada em quem tem SOP", diz o ginecologista.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.