A influenciadora Drielly Arruda levou um susto esta semana e deixou as redes sociais em choque ao descobrir que as fortes cólicas que sentia eram causadas por um tumor que gera tecidos como cabelos, cartilagens, dentes, músculos, gordura e ossos. Chamado de teratoma, ele é gerado em células germinativas e é benigno na maioria dos casos, ou seja, não se espalha pelo organismo.
Com a legenda "Até unha essa coisa tinha", Arruda conta que ia ao ginecologista com frequência, mas os médicos sempre diziam que a dor dela era normal. Ela chegou a pensar que tinha endometriose, uma doença que também causa cólicas intensas e, por isso, confunde as pacientes com o tumor nos ovários, mas os exames de Drielly não apontaram esse diagnóstico.
"Quase todo mês eu ia parar no hospital para tomar remédio na veia", compartilhou em seu perfil. Seu teratoma era tão grande que ela perdeu uma das trompas, removida cirurgicamente junto com o tumor.
O ginecologista oncológico Leandro Santos de Araujo Resende, diretor de comunicação e divulgação da SGOB (Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Distrito Federal), diz que teratomas podem se desenvolver em várias partes do corpo de mulheres e homens a partir das chamadas células germinativas.
"Nos homens pode acometer os testículos, porém são situações consideradas raras", destaca o médico.
Na maioria dos casos, os teratomas também são assintomáticos e não geram queixas. "Frequentemente são diagnosticados em exames de rotina, como ecografia transvaginal. O tratamento é cirúrgico, com a retirada de todo tumor", diz Resende, que também é doutor em tocoginecologia, área de diagnóstico e tratamento de doenças do aparelho genital feminino.
Segundo ele, se o tecido estiver saudável, é possível preservar a fertilidade do paciente. Diferente de um cisto, que é uma lesão de conteúdo líquido, o teratoma é mesmo um tumor, formado por materiais sólidos.
Em mulheres é comum na fase reprodutiva, entre 20 e 40 anos de idade e, às vezes, também ocorre em adolescentes. Ele acontece por uma diferenciação de parte das células dos ovários, chamadas de germinativas, que se proliferam de forma desordenada e, quando maligno, corresponde a um câncer de ovário e exige tratamento específico.
"É sempre importante avaliar com mais cuidado o ovário não acometido, pois a paciente com um teratoma tem maior risco de desenvolver o mesmo problema no outro ovário", afirma o médico.
O tratamento depende do tamanho do tumor e, para Resende, a melhor opção de remoção é a laparoscopia -uma cirurgia minimamente invasiva que traz menos riscos e uma recuperação mais rápida, em média de duas a quatro semanas.
"Quando está associado ao tipo maligno, [imaturo], é sempre importante que seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com cirurgião oncológico e oncologista clínico", destaca o profissional.
A médica Maria Ignez Braghiroli, oncologista e membro da diretoria da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica), diz que não há análises de rastreamento para este tipo de tumor, mas que reclamações persistentes exigem uma investigação com exames de imagem.
"É câncer, mas 99% das vezes é benigno, não sai de onde está e passa para outro órgão. As germinativas têm potencial de se tornar qualquer tecido: músculo, cabelo e até produzir hormônios da tireóide, mas malignizar é muito raro", afirma a oncologista.
Ela diz que tanto o ginecologista, quanto o urologista ou um clínico geral podem começar a investigação a partir dos sintomas e, caso encontrem um problema mais sério, encaminhar para o cirurgião ou o oncologista.
Braghiroli reforça que na maioria das vezes os sintomas são locais e que esta não é uma síndrome genética, mas pode ser confundida com outras doenças, como a endometriose -o que torna os exames fundamentais para diferenciar os problemas.
"Sintomas [podem ser] muito parecidos, mas com o exame de imagem fica fácil distinguir pois são achados bem diferentes", diz.