Terminou nesse sábado (24/9), em Fortaleza (CE), o XXX Congresso Brasileiro de Neurologia. A novidade é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária Brasileira (Anvisa) está atualmente avaliando um pedido de registro para o inebilizumabe, medicamento para o tratamento de pacientes adultos com neuromielite óptica (NMOSD) positivo para o anticorpo anti-aquaporina 4 ( AQP4 IgG+) - doença autoimune rara causada por ataques graves e recorrentes do sistema nervoso central (SNC), que podem resultar em cegueira, paralisia e morte.
Entre os principais dados do estudo estão a redução significativa no risco de um novo surto em 89% dos pacientes do grupo AQP4-IgG , que permaneceram livres de recidivas durante seis meses após o tratamento. Além disso, 83% dos pacientes no grupo AQP4-IgG permaneceram livres de recidivas por pelo menos quatro anos após o tratamento.
A NMOSD afeta nove vezes mais as mulheres do que os homens, e a média de idade do aparecimento da doença é de 40 anos. Em geral, os pacientes sofrem com ataques que acometem o nervo óptico e a medula espinhal, causando inflamação nesses locais. Como resultado, os pacientes têm sintomas como enfraquecimento permanente da musculatura, paralisia, náuseas, soluços intratáveis, fadiga, sensações alteradas e perda de visão, em que 41% dos pacientes podem ficar completamente cegos em ao menos um olho cinco anos após o surgimento da doença.
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O exame de sangue para o anticorpo antiaquaporina 4 do tipo IgG (anti-AQP4-IgG) é considerado uma das formas mais confiáveis de diagnosticar a NMOSD, isso porque a sua presença indica uma inflamação, que é responsável por danificar estruturas como os astrócitos, a bainha de mielina e os neurônios.. A NMOSD pode ser confundida com a Esclerose Múltipla (EM), porém as pessoas com EM não apresentam o anticorpo anti-AQP4. "Um fator importante para diferenciar as doenças é que desde o início os indivíduos com NMOSD sofrem com comprometimento agudo da visão e episódios graves que podem levar a uma deficiência permanente", explica Edson Arakaki, diretor médico LATAM da Horizon Therapeutics.
"Atualmente, mais de 41% dos pacientes de neuromielite óptica receberam um diagnóstico inicial equivocado, pois além da falta de debate sobre o tema, os primeiros sintomas se assemelham aos de esclerose múltipla. Por isso, precisamos educar tanto a sociedade, quanto os profissionais da saúde para que saibam identificar as manifestações da doença, já que o diagnóstico correto e precoce é essencial", considera o neurologista, com especialização em neuroimunologia, Felipe Von Glehn.
Sobre o distúrbio do espectro da neuromielite óptica (NMOSD)
A NMOSD é uma doença autoimune neuroinflamatória rara, grave, que ataca o nervo óptico, medula espinhal, cérebro e tronco encefálico.[3,4] Aproximadamente 80% dos pacientes com NMOSD apresentam teste positivo para anticorpos anti-AQP4.
Autoanticorpos anti-AQP4 são produzidos por plasmablastos e plasmócitos.. Essas populações de células B são centrais para a patogênese da doença NMOSD, e uma grande proporção dessas células expressa o marcador celular CD19. Clinicamente, o dano no sistema nervoso central se apresenta como um surto da NMOSD, que pode envolver o nervo óptico, medula espinhal e cérebro. Perda de visão, paralisia, perda de sensibilidade, disfunção da bexiga e do intestino, dor neuropática e insuficiência respiratória podem ser manifestações da doença.
Cada surto da NMOSD pode levar a mais danos cumulativos e debilitantes. A NMOSD ocorre mais comumente em mulheres e pode ser mais comum em indivíduos de descendência africana e asiática.
Cada surto da NMOSD pode levar a mais danos cumulativos e debilitantes. A NMOSD ocorre mais comumente em mulheres e pode ser mais comum em indivíduos de descendência africana e asiática.