Luíza Guimarães, de 24 anos, de Macaé, no interior do Rio de Janeiro, é a prova viva de como um órgão doado salva vidas e mantém sonhos, como o de ver um filho crescer. Ela teve um câncer no fêmur aos 14 anos e passou a utilizar uma prótese no local onde o tumor foi retirado. Mas a quimioterapia deixou sequelas em seu coração e, anos depois, após sua primeira gestação, a saúde coronária piorou. O coração ficou ainda mais fraco e a alternativa era fazer um transplante de coração.
Já no hospital, nos preparativos para a cirurgia do coração, uma situação inesperada: havia uma infecção na perna, no local da prótese e Luíza acabou tendo que passar por uma amputação da perna, pois aumentaria o risco de infecções no local após o transplante.
Leia Mais
Dia Nacional de Doação de Órgãos: tema ainda é desafio no Brasil Setembro é o mês de conscientização sobre doação de órgãos para transplanteSetembro Verde: AMMG lança campanha de doação de órgãos para transplantesHexacampeã mundial de jiu-jitsu disputa concurso de belezaPorém, por causa dos antibióticos tomados para combater a infecção, Luíza veio a enfrentar mais uma dor: seus rins pararam de funcionar. E ela ficou em tratamento de diálise na Clínica de Doenças Renais de Macaé, se preparando para o dia em que finalmente pudesse transplantar. Em julho de 2021, chegou o tão sonhado momento e Luíza fez o primeiro transplante duplo de rins e coração pelo SUS, no Instituto Nacional de Cardiologia.
Hoje, um ano e meio após as cirurgias, ela celebra a vida. É mãe, cuida do seu filho e carrega diversos sonhos que agora podem ser realizados. "Me sinto capaz de fazer tudo. Estou me preparando para morar sozinha com o meu filho. Já percebi que eu dou conta de fazer muitas coisas. Tenho outros sonhos também, como fazer minha faculdade. Por conta da doação de órgãos, porque alguém teve empatia com outro ser humano, hoje posso realizar todos os meus sonhos, principalmente de ver o meu filho crescer".
Mais liberdade
Ana Beatriz Barra, nefrologista da Fresenius Medical Care, explica que o transplante é a opção de terapia para a falência renal que mais se aproxima de uma vida normal, por oferecer mais liberdade e maior expectativa de vida. "Todos os pacientes em diálise devem discutir esta opção de tratamento com seus médicos", diz.
Mas nem sempre os pacientes conseguem passar pelo transplante. Muitos aguardam na fila por anos. Por isso, quanto mais pessoas se declararem doadoras de órgãos, melhor é. Pois existem muitos casos de incompatibilidade.
"Muitas pessoas tentam conseguir um órgão compatível com familiares. Mas muitos não encontram essa facilidade. Enquanto o rim não chega, a missão da clínica de hemodiálise é deixar o paciente com a melhor condição de saúde possível. E depois do transplante, a nefrologia trabalha para que o paciente reduza seu risco de rejeição ao órgão. Nos orgulhamos muito dos resultados alcançados e temos a certeza que ainda teremos muito mais transplantes no Brasil", finaliza a médica.