SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A pandemia de COVID-19 impôs a adoção de tecnologias como teleconsulta, que passaram a ser cada vez mais utilizadas. As possibilidades da telessaúde, porém, vão além das consultas online e incluem educação, prevenção de doenças e gestão e promoção de saúde, embora o avanço ainda seja tímido nessas frentes.
O tema foi discutido nessa terça-feira (27) por especialistas durante painel do 9º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, evento promovido pela Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). A mesa foi mediada pela jornalista Fernanda d'Avila e organizada pela Abrale e pelo IVC (Instituto Vencer o Câncer).
Para Chao Lung Wen, presidente da ABTms (Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde), a telemedicina não é uma ferramenta de distanciamento, mas de aproximação entre profissionais de saúde e pacientes. Segundo ele, não há prejuízo a práticas como o exame físico, já que o médico pode observar e guiar o paciente, e no uso de equipamentos para aferir indicadores de saúde, por exemplo.
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Para que o processo seja bem-sucedido, afirma, as equipes precisam de educação em bioética digital para aplicar as modalidades de serviço em telessaúde previstas pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), como telediagnóstico, telemonitoramento e telecirurgia.
Assim, é possível reduzir a fragmentação no sistema de saúde e otimizar investimentos ao integrar ações de prevenção, promoção de saúde, rastreamento e acompanhamento de doenças.
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Após a sanção, o desafio passa a ser a implementação da lei para o acompanhamento integral do paciente, diz Ana Maria Drummond, diretora institucional do IVC.
Para ela, um dos papéis das ferramentas tecnológicas é facilitar a orientação dos pacientes e seu acesso a informações de qualidade - neste caso, o médico pode usar recursos visuais para facilitar o entendimento do paciente sobre seu tipo de câncer, exemplifica.
Abraão Dornellas, oncologista clínico no Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Comitê Científico do IVC, afirma que a telemedicina desafiou sobretudo a oncologia, devido à resistência dos profissionais em usar ferramentas como telediagnóstico, que já era adotado na dermatologia. Para Dornellas, uma das contribuições principais da telessaúde na oncologia é a teleinterconsulta.
A modalidade permite o intercâmbio de conhecimentos entre profissionais de saúde na discussão de um quadro clínico, pois nem todas as cidades contam com grandes centros de oncologia ou médicos especializados em tumores específicos. Com a troca de informações entre equipes, o desfecho dos pacientes oncológicos pode ser mais positivo, afirma.
Na Abrale, um dos projetos em telessaúde é o onco-teleinterconsulta, presente em 50 instituições, cujo objetivo é aproximar profissionais de saúde do SUS por meio de interconsultas para equipes médicas e consultorias para os demais profissionais, como enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos, explica João Victor Damasceno Mourão, enfermeiro assistente da iniciativa.
Outra frente na Abrale é a telemedicina para pacientes, que os ajuda no enfrentamento de efeitos colaterais, a obter uma segunda opinião e no uso correto de medicações.
Para Drummond, do IVC, o papel do terceiro setor é justamente contribuir na construção de modelos diversos em telessaúde, porque uma única solução não é capaz de atender às diferentes realidades do país, que ainda enfrenta barreiras como dificuldades em conectividade.