Jornal Estado de Minas

LITERATURA

Contra a submissão social



Dizer que o machismo, ainda em 2022, impera em inúmeras camadas sociais, e que diversas mulheres lutam contra a submissão em múltiplos níveis, não é novidade. Embora haja diversos movimentos pela igualdade de gênero, a sociedade ainda não foi capaz de validar na prática uma paridade de gênero, apesar de todo o arsenal legal. Por conta desse cenário desolador, a francesa, especialista em filosofia política, Gisèle Szczyglak escreveu “Subversivas: A retomada do poder pelas mulheres para reconquistar seu lugar de direito na civilização”, lançamento da Editora Cultrix.




 
A autora ministra diversas conferências e cursos para mulheres em cargos de liderança – muitos deles no Brasil –, além de estudar a fundo o tema e participar ativamente em redes de mulheres, entre outros tantos trabalhos na área ligados à luta por igualdade. Assim, o livro nasceu de uma série de demandas do trabalho de Gisèle, especialmente dos cursos que ela ministrou no Brasil para executivas de cargos públicos, que questionavam, como tantas outras mulheres ao redor do mundo, como superar a eterna barreira da justificação e de sua humanidade às suas competências. 
 
Gisèle é Ph.D em filosofia política e especialista em minorias e diversidade, e afirma que “sem qualquer aviso” os homens tomaram para si o conceito de humanidade e como consequência desse “sequestro civilizatório”, a percepção feminina sobre o mundo e sobre seu papel social ficou – e é ainda hoje – muito distorcida. Por isso, a especialista defende a subversão social e política como arma para modificar de vez essa realidade. Sua tese central é de que, ao compreender as regras e os papéis impostos pela sociedade-cultura vigentes, as mulheres poderão redirecioná-las em benefício próprio.
 
“Os homens roubaram a civilização ao se apoderar de todos os símbolos e de todas as produções. Conseguiram essa façanha pela imposição e, assim, mantiveram ao longo do tempo um contrato extrabiológico desfavorável às mulheres... , foi imposto às mulheres de modo unilateral, sem a negociação de duas partes dialogando com o mesmo nível de equilíbrio. Essa conversa nunca ocorreu. Por isso, a subversão é um imperativo para as mulheres. É o último recurso. O gesto supremo”, destaca.




 
O livro é considerado revolucionário, porque é baseado não só em experiências profissionais, mas também em diversas pesquisas filosóficas, etológicas, sociológicas e antropológicas.  Além disso é um ‘call to action’ inspirador no mundo contemporâneo para a mudança do olhar e da prática da sociedade como um todo. Suas páginas nos mostram por que é tão importante que os homens reconheçam o que fizeram historicamente às mulheres e por que as mulheres precisam parar de pedir desculpas por serem feministas.
 
Gisèle explica também na obra como explorar as ferramentas que podem permitir às mulheres dominarem a arte de interferir nas regras de um jogo imposto pelos homens e derrubar o sistema por meio de um maior protagonismo feminino.  “Para entrar na subversão, conseguir quebrar os códigos e assumir uma distância necessária à emancipação pura e simples, é preciso ter lucidez e autoconfiança.  Depois de ancoradas na subversão, as mulheres serão capazes, junto com os homens, de fazer com que o feminismo de fato aconteça no sentido de um novo humanismo”, completa.

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie 
 
(foto: Reprodução)

Serviço:


Livro: “Subversivas: A retomada do poder pelas mulheres para reconquistar seu lugar de direito na civilização”

Autora: Gisèle Szczyglak

Editora: Cultrix

Páginas: 248

Preço: R$ 52,90