Muitas mulheres estão deixando de fazer mamografias e jovens não têm planos de fazer o rastreamento. Essa é a conclusão de um levantamento realizado pela Orlando Health, rede privada de hospitais comunitários e especializados em Orlando, nos EUA. Segundo a pesquisa 22% das mulheres americanas com idades entre 35 e 44 anos nunca fizeram uma mamografia e não têm planos de fazer uma. Hoje as recomendações do National Comprehensive Cancer Network (NCCN) são para que o exame seja realizado anualmente a partir dos 40 anos. Entretanto, o rastreamento individualizado e em alguns casos, mais cedo, pode ser indicado para mulheres com fatores de risco como histórico familiar, radioterapia torácica e biópsias anteriores com lesões de alto risco.
No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é a realização da mamografia a partir dos 50 anos, a cada 2 anos, para mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no ano passado foram quase 3,5 milhões de mamografias somente pelo SUS.
Outro fato alarmante levantado pela pesquisa é que menos da metade das mulheres americanas (43%) conhece seu histórico familiar de câncer de mama e apenas cerca de um terço (32%) conhece seus fatores de risco individuais. Para a médica especializada em Radiologia pelo INCA e coordenadora do setor de Imagem Mamária do Richet Medicina & Diagnóstico, Marcela Balaro, conhecer os fatores de risco associados ao câncer de mama é fundamental para definir quando começar a fazer os exames e qual o melhor método para diagnóstico precoce da doença.
De acordo com Balaro, as possibilidades de exames de rastreamento podem ser diferentes de acordo com o risco pessoal e devem ser estudadas por cada mulher junto ao seu médico. “A Medicina como um todo, principalmente na área oncológica, vive hoje uma tendência ao rastreamento e tratamento individualizados”, afirma.
Ainda segundo a médica, dependendo da história familiar de câncer de mama, pode ser indicado o exame de sequenciamento genético dos genes BRCA1 e BRCA2 (não disponível no sistema público de saúde) que, apesar de ocorrerem em apenas 0,1% da população em geral, podem ser estar associados em 5% a 10% de todos os casos de câncer de mama. “A ressonância magnética das mamas pode ser indicada para o rastreamento em algumas mulheres consideradas com risco elevado. Com maior sensibilidade, o método pode auxiliar no diagnóstico precoce, associada com outros métodos”, explica Marcela Balaro.
A especialista acrescenta que estudos atuais mostram que a tomossíntese mamária, também conhecida como Mamografia 3D, pode auxiliar no diagnóstico precoce, minimizando o efeito da sobreposição do parênquima mamário, principalmente nas mamas densas. “A ultrassonografia que também pode ser um método complementar a mamografia, nas pacientes com mamas densas”, acrescenta.
A radiologista ressalta que as mulheres devem conversar com seu médico de família ou ginecologista para avaliar seus riscos e determinar qual o melhor método de rastreamento e quando começar e que o autoexame não é o melhor método para o diagnóstico precoce do câncer de mama. “O diagnóstico precoce, geralmente, se dá em lesões não palpáveis e a presença de nódulos palpáveis podem indicar lesões maiores, com menor chance de tratamentos conservadores.” A especialista alerta, porém, que é importante conhecer a própria mama e suas características, assim como conhecer e modificar hábitos de vida associados ao câncer de mama, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, para que seja possível reconhecer quaisquer alterações e sinalizar ao médico.
No Brasil, o câncer de mama ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres, com mais de 66 mil novos casos por ano e uma taxa de mortalidade de 14,23 para cada 100 mil, estima o INCA.