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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Como lidar com o medo de julgamentos nas redes sociais

Segundo pesquisa do Datafolha sobre saúde mental do brasileiro, quatro a cada 10 brasileiros temem ser julgados nas redes sociais e um terço relata ansiedade


09/10/2022 04:00 - atualizado 08/10/2022 10:26
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 cantora Luísa Sonza
A cantora Luísa Sonza foi atacada nas redes após sua separação do humorista Whindersson Nunes, e acabou sendo diagnosticada com depressão, pânico e ansiedade (foto: TV Globo/Divulgação)


Quatro a cada 10 pessoas (38%) se sentem cobradas pelo conteúdo que publicam nas redes sociais e têm medo constante de ser julgadas. Um terço delas também relata muita ansiedade para saber se suas postagens serão bem aceitas ou não. Os dados são de pesquisa Datafolha sobre saúde mental do brasileiro, encomendada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata) e pela farmacêutica Viatris.
 
Foram entrevistadas, de forma presencial, 2.098 pessoas a partir de 16 anos, de todas as classes econômicas, em 130 municípios que abrangem as cinco regiões socioeconômicas do Brasil. A margem de erro é dois pontos percentuais para mais ou para menos.
 
Ainda segundo o levantamento, 79% dos entrevistados dizem que as redes sociais podem contribuir para aumentar os problemas de saúde mental. Para 84%, os haters, pessoas que julgam e propagam ódio nas redes, podem influenciar no aumento dos registros de suicídio.
 
 
Quem nos últimos anos passou por essa situação foi a cantora Luísa Sonza, que admitiu ter sofrido de depressão, pânico e ansiedade em decorrência dos vários ataques que recebeu nas redes sociais. 
 
Segundo Luísa, na época, os ataques de haters sempre ocorreram, mas se intensificaram depois que ela se separou do humorista Whindersson Nunes. Um ano depois, quando o filho recém-nascido de Whindersson nasceu prematuro e morreu, os haters fizeram uma série de declarações ofensivas à cantora, que acabou fazendo um vídeo, aos prantos, em que dizia que não aguentava mais. 

A sua equipe anunciou pouco depois que ela ia dar um tempo das redes sociais para cuidar da saúde.

AUTENTICIDADE Para a especialista em marketing e branding Helena Lima, embora superar o medo do julgamento alheio seja difícil hoje, principalmente no mundo virtual, onde acabamos nos expondo, até mesmo para desconhecidos, é preciso tentar optar pelo caminho da autenticidade em vez de se fechar pelo temor do que os outros vão pensar a nosso respeito. 
 
“Os julgamentos vão existir sempre, independentemente das circunstâncias. Antes da disseminação da comunicação no mundo on-line, o ato de julgar o próximo já existia no off-line. A diferença é que no ‘on’ a prática é mais acentuada, às vezes até com tons de perversidade. Prova disso é a famosa ‘cultura do cancelamento’. Porém, por mais difícil que seja, temos que tentar abstrair e lembrar que o julgamento do outro, na maioria das situações, diz mais sobre os problemas e limitações dele do que sobre você.” 
 
Helena acrescenta que é importante dizer que quem se conecta com você vai se conectar, sobretudo, com seus valores, opiniões e crenças. “Então, não há por que ter medo.” Ela também destaca que as pessoas que se adaptam melhor às redes sociais, atualmente, são majoritariamente aquelas com vontade de mostrar quem realmente são, seus ideais, além de serem fiéis à sua essência. “Desde que não desrespeitemos ninguém, é isso que deve ser levado em conta.”
 

"A vida nas redes sociais, muitas vezes, é um simulacro, ou seja, expõe uma realidade distorcida, uma representaçã"

Helena Lima, especialista em marketing e branding

 
 
Helena Lima
Helena Lima, especialista em marketing e branding (foto: Eloah Roberta/Divulgação)
  

Mulheres e jovens sentem mais pressão  

O levantamento da Abrata e da farmacêutica Viatris mostra ainda que as mulheres (71%) e as pessoas entre 16 e 24 anos (65%) são as que mais se sentem pressionadas a encarar as coisas sempre de uma forma muito positiva nas redes sociais, mesmo quando estão com problemas. 
De acordo com o psiquiatra Fernando Fernandes, conselheiro da Abrata, entre os nativos digitais, às vezes não há o mesmo discernimento dos mais velhos de que existe uma vida dentro das redes sociais e uma outra vida fora.
 
Para 65% dos entrevistados, o fato de todo mundo parecer feliz, bonito e bem-sucedido nas redes sociais faz com que as pessoas se sintam insatisfeitas com sua vida. As mulheres são as que mais relatam esse sentimento (69%, contra 61% dos homens).
 
“Todos nós temos a tendência de comparar a nossa realidade com a das outras pessoas, porém é importante levar em consideração que a vida nas redes sociais, muitas vezes, é um simulacro, ou seja, expõe uma realidade distorcida, uma representação”, comenta Helena Lima.  
 
“Há quem pose, inclusive, com bolsas grifadas que não são necessariamente suas, ostente viagens caríssimas, visitas em lugares paradisíacos, ou seja,  vende e mostra uma vida de novela. Com isso, o jovem, por exemplo, que está na fase de se descobrir, se conhecer, ao ver esse tipo de conteúdo acaba achando que seu mundo é inferior e que nada acontece de interessante nele.” Essa comparação equivocada e injusta, segundo Helena, pode resultar, até mesmo, em quadros de ansiedade e depressão.
 
A especialista, que há quatro anos deixou o mercado corporativo para capacitar mulheres empreendedoras a fortalecerem suas marcas por meio das redes sociais, ressalta, porém que elas [as redes sociais] não devem ser demonizadas. “O mais importante é haver uma conscientização sobre o bom uso desses dispositivos, que conectam pessoas de diferentes ideologias e abrem nossas janelas para diferentes lugares do mundo.” 


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