Pensadoras, pesquisadoras, estudiosas, politizadas e revolucionárias sempre existiram. Entretanto, é muito mais comum conhecer e citar homens que se destacaram na filosofia do que figuras femininas.
De acordo com o levantamento da Rede Brasileira de Mulheres Filósofas, 19,47% do quadro de docentes de pós-graduação em filosofia eram mulheres em 2019. Mesmo em número menor, elas sempre atuaram por melhorias e transformações da sociedade. Então, por que não sabemos quem são essas mulheres?
Dar visibilidade às ideias e ações e fazer justiça às grandes intelectuais é o objetivo do livro “Filósofas: O legado das mulheres na história do pensamento mundial” (Maquinaria Editorial), escrito pelas professoras Natasha Hennemann e Fabiana Lessa, que encontraram nos questionamentos dos próprios alunos a motivação para colocar em palavras reflexões que precisavam de holofote. “Mesmo com empecilhos sociais, algumas mulheres conseguiram se sobressair no campo da reflexão filosófica e foram influentes em seus contextos”, explica Fabiana.
A professora diz que o livro tem o intuito de ampliar a ideia de que a filosofia pode ser feita por todo mundo, de todos os gêneros, de qualquer continente, de várias idades e com pontos de vista diversos. “A obra faz um resgate de figuras que foram historicamente negligenciadas ou apagadas, mas que contribuíram para a construção de noções que nos são essenciais como sociedade, como a ideia de liberdade, de direitos, alguns conceitos de amor, de ética e de ciência”, afirma.
Diotima de Mantinea, Ban Zhao, Angela Davis, bell hooks e as brasileiras Lélia González, Djamila Ribeiro, Sueli Carneiro e Marilena Chauí são algumas das 70 pensadoras mencionadas na obra, que traz nomes contemporâneos e da Antiguidade da Europa, Ásia, África e América Latina. “Apesar dos avanços atuais, muitas vezes nem em países democráticos o trabalho científico é colocado como prioridade, ou seja, pode ser visto com indiferença e como desperdício de dinheiro, o que é incoerente para uma sociedade moderna que almeja progressos”, comenta Natasha.
DIVERSIDADE Segundo as autoras, a leitura é fundamental para as mulheres atuais, porque mostra que é possível pensar de maneira rigorosa a partir do seu ponto de vista e do próprio lugar no mundo. “Mostrar essa diversidade de olhares e essas pessoas corajosas pode inspirar mais mulheres a se aventurarem tanto pela filosofia quanto por várias outras áreas do conhecimento humano.”
Ela conta que as autoras usaram alguns critérios para definir quais filósofas ganhariam espaço na obra. O primeiro foi pensando a partir da importância em reapresentar algumas das pensadoras consideradas mais relevantes: “Como o objetivo principal é ser um livro introdutório, nós não poderíamos deixar de fora alguns nomes mais conhecidos”. O segundo critério foi a descentralização geográfica ao trazer, em cada capítulo, pelo menos uma filósofa de fora da Europa. “Em terceiro lugar, nós usamos o critério da disponibilidade e do acesso às fontes e aos estudos sobre essas filósofas”, explica a professora.
Ao longo de 278 páginas, “Filósofas” ajuda a ampliar a voz dessas pensadoras que contribuíram para a história do pensamento geral, muito além das questões femininas, e garante o reconhecimento que suas ações merecem. O livro também reforça a importância de as mulheres de todas as idades, e principalmente as mais jovens, se enxergarem nos livros de filosofia e conhecer o trabalho desenvolvido por outras. “O conhecimento é essencial, valioso e deve ser incentivado”, destaca Fabiana.
*Estagiária sob supervisão da
editora Ellen Cristie
Serviço
“Filósofas: O legado das mulheres
na história do pensamento mundial”
Editora: Maquinaria Editorial
Páginas: 278
Preço: R$ 64,90
Onde comprar: Amazon