Um método desenvolvido pela Universidade da Califórnia permitiu que pesquisadores americanos tratassem com êxito um grave defeito congênito, a espinha bífida, numa cirurgia antes do nascimento.
Por meio de uma pequena incisão, os cirurgiões colocaram na coluna dos fetos um implante com células-tronco capaz de formar qualquer tecido do corpo humano. O implante vai permitir que as novas células se desenvolvam junto com o feto, o que aconteceria caso não houvesse a malformação.
Até agora, três dos 32 fetos previstos para cirurgia já foram operados. Os pesquisadores vão analisar, durante um período de seis anos, se a coluna vertebral se formou normalmente, assim como a mobilidade e a coordenação das pernas das crianças.
De acordo com Felipe Mendes, neurocirurgião com aperfeiçoamento em procedimentos minimamente invasivos e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, a espinha bífida é uma das anomalias congênitas mais comuns e trata-se de um defeito em que a medula espinhal do feto não se desenvolve adequadamente, havendo uma fusão ou fechamento incompleto da coluna vertebral.
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“As causas ainda não são totalmente definidas, sabe-se que existe um componente genético e que níveis baixos de folato da gestante pode contribuir. A doença possui um espectro amplo, podem ter poucos sintomas ou até sintomas mais sérios como perda da capacidade de andar, hidrocefalia - acúmulo de liquor nas cavidades ventriculares do cérebro - e dificuldade de urinar”, esclarece Felipe.
Em relação à nova pesquisa, o médico afirma ser promissora. “A forma como ela foi realizada, basicamente, é semelhante à técnica cirúrgica fetal realizada hoje, porém com uma grande diferença: antes de realizar o fechamento da ferida, de onde existe a falha da espinha bífida, é colocado uma espécie de membrana, adesivo, que contém células tronco derivadas de tecido placentário”.
“A expectativa é que o procedimento feito dessa forma, além de garantir o fechamento da lesão, possa reduzir ainda mais a possibilidade de que, após o nascimento e após o desenvolvimento, aconteça algum tipo de dificuldade motora. Esse seria um grande marco evolutivo em relação às técnicas convencionais que hoje a gente dispõe”, completa o neurocirurgião.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.