A fisioterapia cumpre papel essencial na vida de pessoas portadoras de doenças renais crônicas. Com ações preventivas e corretivas integradas às mais diversas áreas, os resultados são importantes para a qualidade de vida dos pacientes. O tema vem à pauta nesta quinta-feira (13/10), quando se lembra o Dia Nacional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional.
"As dificuldades dos pacientes renais crônicos, cujos rins pararam de funcionar, decorrem de uma série de fatores que alteram a força dos músculos e ossos, e se acelera com a atrofia de desuso, o prejuízo do metabolismo muscular, a disfunção autonômica, a má nutrição e algumas comorbidades associadas", explica a fisioterapeuta Lorena Graziele Pereira, da Fresenius Mix Centro de Diálise e Nefrologia, da Fresenius Medical Care, em Brasília.
Pacientes dialisados, ela esclarece, apresentam alterações físicas e psicológicas importantes e, dadas as restrições impostas pela doença, tais alterações acarretam descondicionamento físico e prejuízo na qualidade de vida. "Por isso, é comum os pacientes apresentarem perda de força muscular, diminuição da massa óssea e da capacidade física, o que aumenta o risco de queda, além da chance de desenvolverem problemas cardiovasculares", elucida.
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A fisioterapia para pacientes renais exerce uma função preventiva e educativa, através da realização de orientações aos pacientes para minimizar as complicações secundárias. "Percebe-se que os pacientes demonstram diminuição da capacidade funcional devido à baixa tolerância ao exercício. Essa diminuição pode causar alterações musculoesqueléticas, como fadiga e diminuição da resistência. Sendo assim, o exercício físico se apresenta como recurso terapêutico na prevenção e no retardo destas alterações", explica.
A fisioterapia para pessoas com problemas nos rins também pode atuar nas complicações do tratamento dialítico através de cinesioterapia e massoterapia. A fisioterapia, conta Lorena, pode contribuir para a redução da incidência de cãibras, pois os alongamentos devolvem aos músculos seu comprimento e elasticidade normal. A massoterapia, continua, promove relaxamento muscular e diminui a síndrome das pernas inquietas, além de favorecer uma melhor hidratação da pele, diminuindo as sensações de pruridos e as calcificações metastáticas na epiderme.
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Medo da sociedade me fez encarar um transplante de peleCasamento entre primos: o que é real e o que é tabu geneticamenteMicrodoses de cogumelos contra ansiedade viram moda, mas trazem riscosA fisioterapeuta Keitty Keitty Queiroz Vassimon da Silva, da Clínica de Doenças Renais de Botafogo (CDR), acrescenta ainda que os exercícios físicos são fundamentais para um futuro independente. "Quando falamos em declínio muscular, temos que pensar que a curva normal a partir dos 30 anos é para baixo, assim sendo, nossos músculos precisam ser expostos a estímulos tanto de movimento aeróbico quanto de força e resistência. Sendo assim, quando falamos de pacientes com patologias que levaram à doença renal temos um fator que agrava acelerando o declínio da musculatura, logo, pacientes em diálise não só podem, como devem fazer atividades físicas", recomenda.
A CDR tem pacientes que nadam, correm, praticam musculação. Os exercícios, diz Keitty, além de manter e impulsionar o aumento na massa magra, ou seja, muscular, melhoram a circulação sanguínea, diminuem edemas e cãibras e ainda liberam hormônios que melhoram o humor, uma verdadeira terapia." Como sempre falo para meus pacientes, a ideia é se manter independente pelo maior tempo possível, conseguir ir ao banheiro sozinho e levantar sozinho", declara.
Jaime Loureiro, de 83 anos, tem artrose no quadril direito e, após iniciar fisioterapia e seguir orientações com fisioterapia domiciliar, voltou a caminhar e hoje pratica pilates duas vezes por semana.
Katia Alves Pinto, 62, diz que a fisioterapia mudou sua vida. "Eu andava mancando, não conseguia dobrar o joelho e o braço direito nem ia mais para trás. Me incomodava muito. Com as atividades, devagarinho fui melhorando. O braço já voltou a mexer, até coloco nas costas. Nas pernas, os exercícios curaram em três meses. Hoje em dia eu caminho por uma hora. Até subi ladeira", relata.