Essa quarta-feira (19/10) marca o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama e abre a pauta para diferentes temas relacionados à data, como a importância da mamografia. Levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA) revela que, até 2022, 66.280 casos novos de câncer de mama podem surgir na população brasileira. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. E, conforme o Ministério da Saúde, em 2021, apenas 17% das brasileiras realizaram a mamografia, um reflexo da pandemia.
"Mas o índice de realização da mamografia no Brasil sempre esteve abaixo do esperado. Isso devido à falta de aparelhos para fazer o exame fora dos grandes centros, o que faz com que as mulheres no interior tenham dificuldade nesse acesso. Além disso, é evidente o temor sobre descobrir um câncer. E esse é um aspecto social. Tratei uma paciente, por exemplo, que passou dez anos sem realizar nenhum exame e estava com câncer. É aquele velho medo de que, se mexer, vai piorar", diz o ginecologista e mastologista Omar Filogônio.
Com o mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, o Outubro Rosa, o Ministério da Saúde promove ações em todo o Brasil e reforça políticas públicas para fortalecer a prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento da doença. Os exames preventivos de imagem, como a mamografia, são a melhor forma de diagnosticar o problema precocemente e aumentar as chances de cura da paciente.
Em países desenvolvidos, Omar Filogônio explica que é estabelecido o que se chama rastreamento organizado, quando os atores da saúde fazem a busca ativa de mulheres, convocando-as para o exame, a fim de se detectar a doença antes que seja sintomática. "Em países em desenvolvimento, como o Brasil, o que acontece é o chamado rastreamento oportunístico. Aquela mulher que vai ao médico para fazer a prevenção do câncer de colo de útero, e o profissional aproveita e indica a mamografia. Ou seja, se ela não tivesse ido ao médico por outro motivo, não saberia sobre a possibilidade do câncer de mama", explica Omar.
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Entre os sinais de alerta de que algo não vai bem estão: nódulos palpáveis e geralmente indolores, secreção pelo mamilo, alteração da pele da mama, inversão do mamilo, abaulamento ou assimetrias nas mamas. Qualquer alteração na mama deve ser examinada por um médico mastologista, para determinar se é benigna ou não, e se pode implicar em risco para desenvolver câncer.
Omar esclarece que, através do Sistema Único de Saúde (SUS), é indicada a realização anual da mamografia entre os 50 e 69 anos, faixa etária que compreende o pico da incidência do câncer. Mas, seguindo recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), do Colégio Brasileiro de Radiologia e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), todas as mulheres com mais de 40 anos devem fazer a mamografia anualmente.
Sobre o acompanhamento profissional, em relação aos exames de rotina, é indicada a ida da mulher ao ginecologista uma vez ao ano, a partir dos 25, e para isso não há uma periodicidade determinada para procurar o mastologista - a partir dos 40, a consulta com esse especialista pode ser recomendada.
Também existem grupos de risco para o câncer de mama, cita Omar: pessoas com parentes de primeiro grau com histórico de câncer de mama (mãe, irmã, filha, irmão ou pai - homens também têm câncer de mama), pessoas com doenças genéticas que podem aumentar a incidência do câncer, ou pessoas submetidas a tratamentos radioterápicos na região toráxica. "Para indivíduos nesse grupo, é recomendado iniciar o rastreamento a partir dos 25 anos com idas anuais ao ginecologista ou mastologista", indica o médico.
O diagnóstico precoce trata o câncer em fase inicial, evitando a evolução da doença e, consequentemente, os casos de morte. Pesquisa científica realizada na Suécia e publicada em fevereiro de 2019 na revista Cancer mostrou que mulheres que tiveram câncer de mama e faziam mamografia morreram muito menos da doença quando comparado com aquelas que tiveram câncer e não realizaram a mamografia (redução de 60% de mortes em dez anos e 47% em 20 anos).
O ultrassom é mais um exame complementar para a detecção do câncer de mama, esclarece Omar Filogônio. "O exame de base é a mamografia, mas em mulheres com as mamas muito densas, com muitas glândulas, a mamografia perde um pouco a sensibilidade, então nesses casos também é prescrito o ultrassom", ensina.
No fim das contas, os procedimentos para rastreamento representam uma prevenção secundária. "De forma primária, o ideal é que sem mantenham bons hábitos e cuidados com a saúde, como evitar o tabagismo e o elitismo, além de manter uma alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas", conclui.