Para os pais que pretendem aderir à educação financeira dos filhos, mas não sabem por onde começar, a corretora de seguros Wanessa Amorim deixa algumas dicas. A primeira é não apresentar aos pequenos um mundo de escassez, no qual eles desenvolvam a crença de que jamais poderão ter o que desejam. "Mude a estratégia e pergunte a ele de qual forma podem adquirir dinheiro para essa compra. Fazendo doces para os amigos? Produzindo pulseiras de miçanga para vender aos conhecidos?", questiona.
"Lá fora, tudo tende a mostrar às crianças o quanto é necessário consumir desenfreadamente. Até quando vamos à padaria, os chocolates e brinquedos ficam na altura delas. Então, é em casa que precisamos ensinar sobre a importância de poupar e ter cautela com as finanças, até porque são raras as escolas com tal metodologia. Precisamos criar crianças conscientes, para serem adultos com inteligência emocional e financeira", comenta.
Para a servidora pública Sheila Messerschmitt, 45 anos, as crianças e jovens desta geração são mais responsáveis com relação ao consumo, dado que, desde cedo, ouvem falar sobre degradação ambiental e a importância de levar uma vida sustentável, algo que transforma, de forma muito positiva, a relação dos mais velhos com o dinheiro.
É assim com suas filhas Joana, de 15 anos, e Olívia, de 9, que, dificilmente, pedem algo que não precisam. A mãe recorda-se de certa vez, ao passearem em um shopping, entrar em uma loja de roupas infantis com peças em liquidação e receber das meninas a resposta de que não gostariam de levar nada, afinal, já tinham roupas suficientes em seus armários. “Só posso ficar feliz com esse tipo de comentário. Elas me ensinam muito”, conta.
Essa responsabilidade parte mais da maneira como as crianças veem os pais se relacionarem com os gastos e o consumo do que de uma decisão consciente em abordar o assunto. “Aqui em casa, não se diz ‘sim’ para tudo. Explicamos que, por vezes, não temos recursos para comprar e, assim, estabelecemos um limite, mostrando ser necessário trabalhar e economizar. Chega a ser engraçado quando eles entendem que o dinheiro que saiu do caixa eletrônico não vem do nada para a nossa mão”, explica.
E, para Sheila, nem sempre foi fácil lidar com as finanças. Antes, muito consumista, aprendeu pouco a pouco com o marido, já bastante econômico, a poupar, a fim de ter segurança financeira e planejar gastos maiores para o futuro. Deu certo. Seu último carro foi pago à vista; o apartamento que moram, também.
Com isso, as meninas assimilam que é possível comprar de forma sustentável. “Por que não adquirir uniformes usados, ir a um brechó quando se precisa de algo, ou mesmo a um site de desapegos?” são alguns questionamentos direcionados às filhas. Os resultados? No momento, a família está economizando para viajar para o exterior e, por isso, criaram o pote da “viagem dos sonhos”, alimentado gradativamente com dinheiro e boas expectativas.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte.
Para contribuir na hora de ensinar aos pequenos
Veja livros, aplicativos e jogos que podem ser uma mão na roda quando o assunto for educação financeira com as crianças:
Aplicativos: Tindin, nextJoy e Poupadin
Site: Graninha Kids (https://www.graninhakids.com/)
Jogos: Piquenique, jogo de tabuleiro on-line que simula um passeio ao ar livre para ensinar educação financeira aos pequenos, e The Sims
Perfil para seguir nas redes: @malu.financas — a influenciadora mirim Malu Lira ensina
sobre consumo e poupança de forma descomplicada e divertida
Livro: O Poder da Ação para Crianças: Como aprender sobre autorresponsabilidade e preparar seus filhos para um vida feliz e completa", edição Turma da Mônica, em parceria com Paulo Vieira