O câncer de mama é a principal causa de morte das mulheres no Brasil. O cenário só muda na região Norte, onde o câncer de colo de útero ocupa esse posto. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, em 2022, sejam diagnosticados no país 66.280 novos casos. A doença não tem um fator único, e pode estar relacionada a idade, genética, história reprodutiva, fatores endócrinos ou comportamentais. Estudo da Federação Turca de Associações de Doenças da Mama mostra que, apesar de estar relacionado a fatores diversos, há uma terapia hormonal que pode reduzir a incidência da doença na população feminina.
O médico Dárcio Pinheiro comenta que essa descoberta foi feita após um estudo que começou em 2010 e acompanhou 2.377 mulheres durante dez anos. Essas mulheres estavam na pré e pós-menopausa. Elas foram tratadas com implantes de testosterona e implantes de testosterona com estradiol. Ao final do estudo, foi possível notar uma redução de 35,5% nas taxas de incidência de câncer de mama inflamatório.
"Os implantes de testosterona têm sido usados para tratar a doença em mulheres, e se tornou cada vez mais reconhecido como um hormônio essencial para elas. Os benefícios fizeram com que um Grupo de Consenso Internacional, em 2018, concordasse sobre a importância da testosterona para o sexo feminino", explica o médico.
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Ainda segundo o profissional, as pacientes que participaram dos estudos viram uma melhora na saúde como um todo, e essas melhorias foram causadas pela otimização dos hormônios. O médico acrescenta que a relação entre os hormônios e o câncer de mama acontece porque as mulheres já são expostas aos hormônios que o próprio corpo produz, porém, durante a vida, essa exposição aumenta com o uso dos artificiais, como anticoncepcionais.
"O estrogênio e a progesterona estimulam as células mamárias a partir do momento que a mulher tem a primeira menstruação. Isso segue até a menopausa. Quando é feito o uso de contraceptivos hormonais, o risco de ter câncer de mama aumenta. Se ao findar a idade reprodutiva a mulher tardar para começar a reposição de hormônios, ela aumenta o risco de ter câncer nas mamas", acrescentou.
Dárcio Pinheiro explica ainda a relação entre a reposição hormonal e a função da testosterona. Segundo ele, a pesquisa mostra que, caso a mulher tenha o risco de desenvolver o câncer mamário, o hormônio se torna uma alternativa de prevenção. Além disso, ajuda a diminuir os sintomas causados pela menopausa, como as ondas de calor, falta de libido, secura vaginal, alterações de humor ou insônia.
"É importante lembrar que a medicina se baseia em estudos e evidências dessas pesquisas. O objetivo é sempre melhorar a qualidade de vida das pacientes. Mas, antes de iniciar qualquer tratamento, um médico deve ser consultado. O seu quadro será avaliado, e é apenas o profissional da saúde quem poderá dizer, para cada caso, se é recomendado ou não a reposição hormonal. A terapia de reposição é um tratamento seguro, mas requer uma abordagem cuidadosa", recomenda.