Famosa nas academias, a creatina é um conjunto de três aminoácidos (arginina, glicina e metionina) que, apesar de ser produzida pelo organismo humano, no fígado e rins, quando suplementada ajuda no aumento do tônus muscular e ganho de força.
"A literatura científica nos mostra que a alimentação rica em carnes, ovos, peixes e leite contribui com 1g de creatina por dia a um adulto. Por isso, suplementamos quem treina, entre 3g e 5g", diz Cíntia dos Santos Moser, nutricionista da Dr. Shape, especialista em nutrição esportiva e mestre em ciência e tecnologia de alimentos.
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A especialista diz que a creatina também é bastante utilizada em casos de pessoas que perdem massa muscular por estarem acamadas ou hospitalizadas e em idosos, que naturalmente sofrem com a sarcopenia (perda de massa muscular devida à idade). "Essa suplementação traz ganhos importantes a todos esses públicos quando é orientada por um nutricionista, porque as doses são sempre individualizadas", orienta.
Cíntia dos Santos Moser responde às principais dúvidas sobre o uso da creatina, formando um guia de uso do suplemento:
É possível obter a creatina apenas de fontes alimentares?
A creatina pode ser adquirida por fontes alimentares e pela suplementação. Os alimentos fonte de creatina são os de origem animal: carnes, peixes, ovos e leite. A alimentação contribui com cerca de 1g de creatina ao dia. Para quem treina, aconselhamos o uso de 3g de creatina (em casos específicos, chega-se a usar até 5g), então, a suplementação é necessária. Também é possível suplementar idosos e pessoas acamadas ou hospitalizadas, sempre com orientação do nutricionista.
Como a creatina surgiu como suplemento?
A creatina é um dos suplementos mais utilizados entre atletas e indivíduos que praticam exercício físico para melhorar a massa muscular, o desempenho e a recuperação muscular. Se popularizou entre atletas e praticantes de atividade física após as Olimpíadas de 1992, em Barcelona, quando dois medalhistas olímpicos, Linford Christie e Sally Gunnell, declararam fazer utilização de suplementos esportivos à base de creatina. Desde então, diversos estudos apontam que a suplementação com creatina é capaz de melhorar o desempenho físico de atletas em diversas modalidades esportivas.
Quais são os tipos de creatina existentes e como suplementar?
O tipo de creatina mais comum no Brasil é a monohidratada, também é a mais pesquisada no meio científico. Segundo a RDC n.18/2010 o suplemento de creatina é destinado a complementar os estoques endógenos de creatina (aqueles produzidos pelo próprio organismo). Deve conter de 1,5 a 3 gramas de creatina na porção, com grau de pureza mínimo de 99,9%. Pode ser adicionado de carboidratos e não pode ser adicionado de fibras.
A creatina pode ser encontrada em cápsulas ou em pó. É geralmente ingerida com água, seja ela em pó ou cápsula, mas pode ser diluída no mesmo shake da preparação do whey protein. É melhor absorvida pelo intestino na presença de carboidratos, então, é interessante que se consuma alguma fonte desse macronutriente quando se fizer a ingestão da creatina.
O suplemento alimentar de creatina deve ser utilizado no pós-treino, dentro de no máximo 45 minutos do final do treino, na chamada janela metabólica. Nos dias sem treino, deve-se tomar a cretina no momento que for consumir alguma fonte de carboidrato, para auxiliar na absorção. Muitos estudos têm demonstrado que o transporte de creatina para o meio intramuscular fica aumentado em até 60% quando associada à suplementação de carboidratos, devido ao aumento de liberação de insulina.
Quanto à dose de creatina a ser utilizada, existem diferentes protocolos (saturação e manutenção) que levam em consideração o peso corporal, treinamento físico e tempo para o efeito desejado. O nutricionista é o profissional que pode prescrever adequadamente a suplementação de creatina conforme objetivo. Mas, em geral, a dose mínima para efeito é de 3g/dia.
Quais são os benefícios da suplementação da creatina além da prática esportiva?
A partir dos anos 2000 surgem alegações quanto às propriedades terapêuticas da suplementação com creatina em algumas doenças. A suplementação com creatina começa a ser aplicada no meio clínico em pacientes com doenças degenerativas, doença cardíaca isquêmica, diabetes tipo 2, envelhecimento, câncer e em idosos.
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A creatina não causa retenção de líquido, ao contrário do que muitos acreditam. Embora existam algumas evidências que sugiram que a suplementação de creatina aumenta a retenção de água a curto prazo (edema), existem vários outros estudos sugerindo não alterar a água corporal total (intra ou extracelular) em relação à massa muscular durante períodos mais longos de tempo.
A creatina causa dano nos rins?
Os estudos indicam que a suplementação de creatina, quando em dosagens recomendadas, não resulta em lesão renal e/ou disfunção renal em indivíduos saudáveis. O rim é o órgão responsável por excretar a creatina, tanto do suplemento quanto da carne consumida, na forma de creatinina. Rins saudáveis filtram a creatinina, rins que já apresentam alguma disfunção perdem essa capacidade e a creatina aumenta no sangue.