Jornal Estado de Minas

SAÚDE DOS OLHOS

Doença da atriz Judi Dench a impede de ler e escrever: entenda

A atriz britânica Judi Dench, 87, revelou que, em decorrência da degeneração macular avançada, não consegue mais ler ou escrever e às vezes luta para cortar a própria comida. A doença afeta a visão de Dench, apesar disso, ela afirma que não pretende encerrar a carreira.





 

"Fui a um jantar há algumas semanas e estava tão escuro que eu disse ao meu parceiro, David, que estava ao meu lado: 'Tenho alguma coisa no meu prato?'. Ele disse: 'Sim'. Eu disse: 'É preciso cortar? Então ele disse: 'Sim', e eu perguntei: 'Você faria isso?'", contou, em entrevista ao programa de rádio BBC2.

 

"Ele cortou e me entregou algo em um garfo e foi assim que eu comi. Não sei se terminei, não sei o que fiz. Eu provavelmente peguei tudo para cima e para o lado do prato", completou. Em seguida, ela comentou sobre uma possível volta aos palcos ou sets de filmagens.

 

"Que eu saiba, não há coisas por agora. Não quero me aposentar. Eu não estou fazendo muito no momento porque eu não posso ver. É mau. Mas eu tenho que me ensinar uma nova maneira de aprender", acrescentou ela, que disse ter memória fotográfica.





 

Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) 

 

Dados elaborados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, e divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), evidenciam que cerca de 39 milhões de pessoas são afetadas pela cegueira no mundo. Entre as principais causas da perda de visão, principalmente em indivíduos com mais de 50 anos, está a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)

 

A doença, conforme elucida Jorge Rocha, primeiro secretário e membro do CBO, causa destruição da chamada mácula, parte central da retina responsável pela visão de detalhes e percepção de cores, provocando embaçamento na visão, de forma lenta ou abrupta, e distorção de imagens. 

 

“Alguns fatores de risco podem estar associados ao surgimento e/ou agravamento da enfermidade, como idade avançada, obesidade, fumo e raça branca. Ainda, a DRMI pode ser de dois tipos: seca, que corresponde 87% dos casos, ou exsudativa, que acomete 13% das pessoas com esse quadro clínico.” 

 

Rocha destaca, também, que a degeneração seca ainda não tem um tratamento totalmente eficaz. Dessa forma, a patologia é prevenida com o uso das vitaminas C e E, zinco, cobre, luteína e zeaxantina. A concentração é determinada por meio de estudos internacionais. 





 

“Não funciona tomar apenas uma ou duas vitaminas em uma quantidade errada e em olhos sem indicação de tratamento preventivo. Os primeiros sintomas da forma seca se dão com o aparecimento de uma mancha, bem como perda progressiva e lenta na visão central. Pode demorar anos para que haja uma perda grave, como a cegueira total”, explica o primeiro secretário do CBO. 

 

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o tipo exsudativa é, conforme apontado por Rocha, mais grave e, consequentemente, devastador, visto que vasos mal formados se desenvolvem abaixo da retina, causando sangramento e destruição da mácula e da visão central do paciente. 

 

“Um dos primeiros sintomas da forma exsudativa é a visão distorcida ou borrada, que evolui com perda progressiva da visão central. Este tipo de DRMI tem tratamento com medicamentos antiangiogênicos aplicados sobre a lesão dentro do olho mensalmente e depois com menor frequência.




O tratamento causa melhora da visão e inibe piora, contudo, não cura. "O paciente terá que fazer uso da medicação por muito tempo para que uma boa visão seja condicionada.” 

 

A Degeneração Macular Relativa à Idade (DRMI), principalmente a do tipo exsudativa, causa cegueira, fazendo com que o paciente fique com uma mancha preta no centro da visão, impedind-o de ler, dirigir e todas as demais atividades que exigem a percepção de detalhes. 

 

“Quando a doença não é tratada a tempo, todas as suas consequências tendem a ser irreversíveis. Por isso, o diagnóstico precoce é importante nesses casos, pois pode propiciar que os procedimentos adequados sejam feitos o mais rápido possível, a fim de evitar os danos”, destaca o membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). 

 

Ainda, segundo pontua Rocha, a doença pode ser evitada, e a melhor forma para isso é a aquisição e manutenção de hábitos saudáveis no decorrer da vida, como não fumar, fazer exercício físicos, controlar a hipertensão e alimentação com frutas e verduras variadas. “O uso indiscriminado de vitaminas e/ou terapias alternativas não traz resultados benéficos e, portanto, não é recomendado.”