Em 2021, o Brasil foi o sexto país com mais diabéticos no mundo, com 15,7 milhões de pacientes com a doença, de acordo com o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes. Estima-se que quase um terço (32%) das pessoas que vivem com diabetes no Brasil não sabem que têm a doença. E quando o diabetes não é detectado ou é tratado de forma inadequada, as pessoas com diabetes correm o risco de complicações graves e fatais, como ataque cardíaco, derrame, cegueira, amputação de membros inferiores e insuficiência renal - quando os rins perdem progressivamente a capacidade de funcionar.
doença crônica que leva à diálise ou ao transplante.
Estima-se que 30% dos portadores de diabetes têm algum nível de lesão renal, levando o diabetes a ser, junto com a hipertensão, a maior causa daA médica nefrologista Zita Maria Leme Brito, diretora médica do Centro de Nefrologia e Diálise Fresenius 9 de Julho, que integra a rede Fresenius Medical Care, explica que o aumento dos níveis de glicose - ou também conhecido como açúcar ou carboidrato do tipo simples - no sangue pode acarretar diversas complicações, principalmente lesões vasculares.
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“Existe o diabetes mellitus tipo 1, que usualmente se apresenta na infância, e é caracterizado por um defeito nas células do pâncreas em produzir um hormônio chamado insulina, e é responsável por colocar a glicose dentro da célula. Sendo assim, na ausência desse hormônio, os níveis de glicose ficam altos no sangue", explica a médica.
"Má alimentação, sedentarismo e obesidade contribuem de forma relevante para esse aumento da resistência porque o acúmulo de gordura dificulta a ação do hormônio insulina. Logo, a ingestão exagerada de açúcares, carboidratos, gorduras e sal é grande inimiga da boa saúde. Primeiro, podem vir a obesidade e a resistência à insulina. Mas os problemas vão progredindo à medida que envelhecemos, com complicações mais graves como hipertensão arterial, diabetes, doenças nos rins, nos olhos, no coração e até nos nervos”, explica Zita Maria Leme Brito.
Má alimentação, sedentarismo e obesidade
Porém, a maior parte dos pacientes diabéticos apresenta o tipo 2, que usualmente se manifesta após os 40 anos, e é caracterizado por uma resistência à insulina, o que acaba por também gerar um aumento dos níveis de glicose no sangue."Má alimentação, sedentarismo e obesidade contribuem de forma relevante para esse aumento da resistência porque o acúmulo de gordura dificulta a ação do hormônio insulina. Logo, a ingestão exagerada de açúcares, carboidratos, gorduras e sal é grande inimiga da boa saúde. Primeiro, podem vir a obesidade e a resistência à insulina. Mas os problemas vão progredindo à medida que envelhecemos, com complicações mais graves como hipertensão arterial, diabetes, doenças nos rins, nos olhos, no coração e até nos nervos”, explica Zita Maria Leme Brito.
Redução da capacidade de filtração dos rins
De acordo com Zita Maria Leme Brito, os rins sofrem justamente porque o excesso de açúcar no sangue causa inicialmente uma hiperfiltração, que vai progressivamente lesionando os vasos sanguíneos, reduzindo, com o passar do tempo, a capacidade de filtração dos rins.
“Alimentos com alto índice glicêmico, como farinhas brancas, batata e açúcar refinado são responsáveis por jogar rapidamente na circulação sanguínea grandes quantidades de glicose. Com isso, geram a necessidade de uma liberação rápida de muita insulina para colocar esse excesso de glicose para dentro das células e, muitas vezes, esse excesso será convertido em gordura", avisa a médica.
A nefrologista alerta que é importante notar que, após esse pico de insulina e a entrada da glicose para a célula, essa queda pode gerar fome e vontade de comer mais carboidratos de índice glicêmico alto. "Assim, a obesidade e a resistência à insulina vão sendo desenvolvidas. Para o rompimento desse círculo vicioso e maléfico, é necessária uma alimentação saudável, com uma dieta rica em alimentos cuja absorção dos carboidratos é mais lenta, evitando assim os picos de insulina, como fibras, verduras e legumes de baixo índice glicêmico. E a prática regular de exercícios físicos. Estes são os aliados mais importantes".
A nefrologista alerta que é importante notar que, após esse pico de insulina e a entrada da glicose para a célula, essa queda pode gerar fome e vontade de comer mais carboidratos de índice glicêmico alto. "Assim, a obesidade e a resistência à insulina vão sendo desenvolvidas. Para o rompimento desse círculo vicioso e maléfico, é necessária uma alimentação saudável, com uma dieta rica em alimentos cuja absorção dos carboidratos é mais lenta, evitando assim os picos de insulina, como fibras, verduras e legumes de baixo índice glicêmico. E a prática regular de exercícios físicos. Estes são os aliados mais importantes".
Insuficiência renal aguda
O diabético também é mais propenso à desidratação, a infecções e ao desenvolvimento de cetoacidose - estado grave no qual o corpo produz ácidos sanguíneos em excesso, o que o deixa predisposto à insuficiência renal aguda.
Entre os sintomas mais comuns estão o aumento e a frequência do volume urinário, sede exagerada e visão turva. Mas qualquer tipo de diabetes mellitus pode evoluir silenciosamente nas suas fases iniciais, sendo ainda mais comum no diabetes tipo 2.
O que as pessoas com diabetes podem fazer para prevenir a insuficiência renal?
O controle dos níveis de açúcar no sangue é fundamental para reduzir a hiperfiltração e preservar os vasos dos rins, reduzindo o risco de desenvolver a doença renal crônica. Cuidar da pressão, evitar sal e fazer exercícios físicos são medidas preventivas também essenciais.
“Além disso, o que se recomenda é fazer testes para medir a proteína albumina na urina e o nível de creatinina no sangue pelo menos uma vez por ano e, quando alterados, consultar um nefrologista. Evitar ingerir bebida alcoólica e fumar também é importante. Muitas pessoas com diabetes não desenvolvem a insuficiência renal crônica. Ser diabético nem sempre significa ter problemas renais", orienta a nefrologista.
Como é dado do diagnóstico do diabetes
O diagnóstico do diabetes é dado quando a dosagem de glicose após jejum de oito horas no sangue é maior que 126 mg/dl, ou a hemoglobina glicada é maior ou igual a 6,5%.
O controle da glicose no sangue para níveis próximos a 100mg/dl e a hemoglobina glicada menor que 7gr/dl são os alvos. Para conseguir atingir estas metas, aliadas às medicações e a injeções de insulina, as mudanças de hábitos de vida com dieta adequada, atividade física, suspensão do fumo e excesso de ingestão de álcool são fundamentais.
O controle da glicose no sangue para níveis próximos a 100mg/dl e a hemoglobina glicada menor que 7gr/dl são os alvos. Para conseguir atingir estas metas, aliadas às medicações e a injeções de insulina, as mudanças de hábitos de vida com dieta adequada, atividade física, suspensão do fumo e excesso de ingestão de álcool são fundamentais.
“Uma vez não controlada, a diabetes pode cursar com complicações em alguns órgãos: olho (redução da visão), cardiovascular (angina e infarto cardíaco, acidente vascular cerebral e insuficiência nas artérias dos membros inferiores) e rins apresentando desde a síndrome nefrótica (nefropatia diabética), causando inchaço nas pernas e olhos e urina com espuma, até a insuficiência renal crônica com necessidade de terapia de substituição (hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal). Manter a glicemia dentro da normalidade é o grande segredo para evitar as complicações e manter a qualidade de vida", alerta a nefrologista Zita Maria Leme Brito.