O câncer de mama lidera o ranking dos que mais afetam a população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 2,2 milhões de casos. No Brasil, são cerca de 65 mil novas ocorrências ao ano, o que corresponde a aproximadamente 10% de todos os diagnósticos da doença registrados no país, segundo o Ministério da Saúde.
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O Sacituzumab govitecan é mais um exemplar desse grupo de terapias, potencialmente traz ganhos para mulheres com câncer de mama triplo-negativo e positivo metastáticos (HER2- e HT+)”, informa a oncologista.
Outra conquista importante no enfrentamento das neoplasias de mama são os inibidores de ciclina (CDK – abemaciclibe, palbociclibe, ribociclibe), que recentemente foram incorporados ao SUS, e de PARP (olaparibe, rucaparibe e niraparibe) como adjuvantes da terapêutica. “Na doença inicial de alto risco após cirurgia, o inibidor abemaciclibe demonstrou aumento de sobrevida livre de doença invasiva em mulheres que o receberam associado à hormonioterapia. Em pacientes com mutação nos genes BRCA 1 e BRCA 2, o medicamento oral olaparibe, aprovado pela Anvisa, trouxe grande sobrevida global, e atua como inibidor da enzima PARP”, elucida a médica que ressalva:
“É necessário definir o subtipo exato de câncer de mama que acometeu a paciente para definir um tratamento individualizado. E para isso, é fundamental garantir que a população feminina tenha acesso ao diagnóstico precoce e a terapias avançadas como as mencionadas. Isto é o que chamamos de medicina de precisão”, declara Angélica.
Paloma Marzano Leite, de 39 anos, descobriu o câncer de mama em maio de 2022. Ela foi diagnosticada com câncer de mama HER2 e receptores hormonais negativos, estágio II. Após realizar o tratamento com as novas terapias-alvo, Paloma passou por uma cirurgia, na qual foi realizado uma biópsia. “Obtive resposta Patológica completa que tem ganho em sobrevida (aumentou-se vida) quando acontece. Estou curada e muito agradecida”, afirma.
Mesmo assim, Paloma vai continuar o tratamento com injeções de Herceptin por um ano, e iniciar radioterapia no final deste mês com 5 sessões.
Cuidados paliativos são aliados durante a jornada
No enfrentamento ao câncer de mama, os cuidados paliativos atuam como importantes aliados do tratamento. “Trata-se de uma abordagem imprescindível na jornada contra o câncer e outras doenças que ameaçam a continuidade da vida em todas as fases. A palavra paliativo vem do latim, que significa Palium – manto protetor. Com foco na integralidade e dignidade do indivíduo, os cuidados paliativos promovem bem-estar e qualidade de vida por meio de medidas preventivas e de alívio do sofrimento, abordando as dimensões física, psíquica, social e espiritual dos pacientes e de seus familiares”, descreve Sarah Ananda Gomes, médica líder de especialidade de Cuidados Paliativos do Grupo Oncoclínicas.
A assistência pode ser oferecida em qualquer fase da doença, em comum acordo com o médico do paciente, para que todo o processo seja enfrentado com mais leveza. “Uma equipe composta por profissionais de diversas especialidades, como médico, fisioterapeuta, enfermeiro, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, dentista, assistente espiritual e nutricionista, apresenta alternativas para minimizar sintomas físicos ou psicoemocionais, resultantes da doença ou do tratamento”, destaca Sarah.
“O diagnóstico precoce nos possibilita uma chance maior de cura e aumento de sobrevida, onde o tratamento é em sua maioria eficaz quando diagnosticado em sua fase inicial, então não deixem de ir ao médico, isso é cuidado com você”, declara Paloma Marzano. Com o intuito de ajudar alguém que possa estar enfrentando o câncer de mama, ela manda a seguinte mensagem: “desejo que escolha passar da melhor forma, tendo fé, positividade, sintonia com o universo, persistência, coragem, família, amigos e agradecendo sempre. Essa doença não é um problema e sim um obstáculo que podemos enfrentar.”