Foi pensando nisso que pesquisadoras da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em parceria com o Instituto de Pesquisas Eldorado, criaram o aplicativo Diário Saúde, que orienta as pacientes a realizar esses exercícios em casa.
Um estudo realizado de dezembro de 2020 a fevereiro de 2022, durante o isolamento social da pandemia de COVID-19, demonstrou a eficácia da tecnologia. Os resultados foram apresentados recentemente no 27º Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, em São Paulo.
"A gente teve restrição de acesso aos serviços de saúde, principalmente com condições em que não havia risco à vida, como a incontinência. Durante esse período, as mulheres foram impossibilitadas de fazer o tratamento", conta a ginecologista Cássia Raquel Teatin Juliato, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, que participou do trabalho.
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Participaram da pesquisa 156 mulheres atendidas no Hospital da Mulher José Aristodemo Pinotti (Caism-Unicamp), em Campinas. Elas utilizaram o app por um mês, praticando os exercícios em casa, duas vezes ao dia. Ao final da análise, 52% das pacientes relataram melhora dos sintomas ou "quase cura", enquanto 10,2% das entrevistadas dizem ter sido curadas.
Além disso, 74% das participantes realizaram o treinamento com frequência. "O estudo mostrou uma aderência muito grande. Foi um resultado bastante promissor, pensando que elas fizeram sozinhas em casa, sem um fisioterapeuta", comenta Juliato.
Como o aplicativo funciona
Apesar de o Diário Saúde ter sido criado para realizar os exercícios em casa, é necessário uma consulta inicial com o fisioterapeuta para que ele explique como devem ser feitos.
Em casa, a paciente é lembrada pelo app para não deixar de fazer a prática. Na hora da sessão, ela escolhe o exercício e recebe as orientações básicas sobre o número de vezes que os movimentos devem ser repetidos, a duração da prática e a intensidade.
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A grande inovação do programa é que ele orienta através de um guia visual e auditivo. "Ele tem um gráfico que mostra a intensidade e a duração da contração. Também tem uma música que é ritmada seguindo a frequência do exercício. Então, você segue a música e a informação gráfica para fazer as contrações dos músculos perineais", explica a ginecologista.
No fim da prática, a paciente registra como está se sentindo. Todos esses dados ficam armazenados na nuvem e podem ser acessados, em formato de gráficos, pelo fisioterapeuta. Dessa forma, ele consegue acompanhar a evolução.
O aplicativo ainda não está disponível para uso da população em hospitais e clínicas de fisioterapia pois precisa ser licenciado por alguma empresa.
Saiba mais sobre a incontinência urinária De acordo com a urologista Maria Claudia Bicudo, da SBU, a incontinência ocorre quando o mecanismo de funcionamento da bexiga ou da uretra -os órgãos que realizam o armazenamento e a eliminação da urina, respectivamente- deixam de funcionar corretamente. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como genética, obesidade, menopausa, lesões musculares e gravidez.
Além da fisioterapia, ajustes na alimentação fazem parte do tratamento. Em casos mais complexos, pode-se partir para a cirurgia, que tem como objetivo melhorar a resistência e o suporte do canal. A escolha da terapia depende do tipo de incontinência e do quanto ela afeta a qualidade de vida da paciente.