Em novembro, ações de conscientização sobre o diabetes ganham força, com alertas e formas de se prevenir a doença. O número de pessoas diagnosticadas é alto e motivo de preocupação por parte de profissionais da área de saúde. De acordo com o Atlas do Diabetes 2021, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil é o sexto país com mais pessoas diabéticas de 20 a 29 anos no mundo. São 15,7 milhões de brasileiros, ou seja, 9% da população na fase adulta com a doença. Estima-se que até 2043, cerca de 23,3 milhões de pessoas sejam diagnosticadas com a enfermidade.
Viver com a doença hoje é muito menos complexo do que há alguns anos. É o que explica Flávia Coimbra Pontes Maia, endocrinologista e cooperada da Unimed-BH. “Hoje, sabemos que os pacientes não precisam parar de comer pães e macarrão. Além disso, a orientação de não consumir legumes e verduras cultivados debaixo da terra já não é mais orientação absoluta, algumas pessoas com o diabetes podem sim comer esses itens, evitando-se sempre os exageros”, explica a endocrinologista.
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Jornada da fertilidade: ser mãe é uma escolhaFilhos são uma espécie de espelho da vidaAjoelhou, tem que cuidar! Veja como lidar com seus joelhos Dia Mundial do Diabetes: quais os sintomas, causas e tratamentoEla mantém uma rotina saudável, toma corretamente os medicamentos, e, para alertar em casos de emergência, tem gravada no corpo uma tatuagem que informa que tem a doença. “Resolvi tatuar a minha condição e o tipo sanguíneo para facilitar meu atendimento, se eu passar mal. Sei que o diabetes não tem cura, só tratamento. Mas, nada disso me impede de viver da maneira mais plena que consigo, pois graças ao tratamento mantenho os cuidados em dia”, esclarece Maria do Carmo.
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“A mudança de hábitos é a primeira prescrição que fazemos e isso é recomendado para todas as frentes de tratamento da doença, seja no Brasil, Estados Unidos ou Europa”, comenta a especialista. A indicação da médica é que a alimentação seja rica em alimentos in natura ou minimamente processados, evitando aqueles que são ricos em açúcares simples e gorduras saturadas, como refrigerantes, bebidas açucaradas, biscoitos recheados e salgadinhos prontos.
Sobre a prática de exercícios, ela prescreve 30 minutos por dia, cinco vezes por semana, alguma atividade que mais agrada à pessoa, como caminhada, natação, bicicleta e até pular corda. Uma outra indicação é a qualidade do sono, que deve ser no tempo suficiente para cada paciente. “Na verdade, o que indicamos pode e deve ser adotado por qualquer pessoa, não só aquelas com condições de saúde que requerem maior atenção”, pondera Flávia.
Tipos 1, 2 e gestacional
A endocrinologista Flávia Coimbra define o que é diabetes e os tipos mais frequentes na população mundial. “O diabetes mellitus não é uma doença, mas é um grupo de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia, que é o aumento nos níveis de açúcar no sangue”, aponta. A especialista destaca que o diabetes pode ser causado pela deficiência do pâncreas em produzir insulina ou quando apresentamos uma resistência à ação da insulina, o que faz com que o açúcar não seja metabolizado de forma adequada e se acumule no sangue.
“Os três tipos de diabetes mais comuns são o tipo 1, o tipo 2 e o gestacional”, lista Flávia. Ela explica que o diabetes tipo 1 é caracterizado pela falta de produção de insulina pelo pâncreas e acomete mais crianças e adolescentes. “Cerca de 5% da população mundial diagnosticada com diabetes apresenta o tipo 1, porém 90% desse público é infantojuvenil”, explica.
O diabetes do tipo 2, mais comum entre os pacientes, cerca de 90% mundo afora, é marcado pela resistência insulínica, ou seja, a pessoa tem insulina no seu organismo, mas a substância não consegue exercer a sua função adequadamente. “Um dos fatores que contribuem para essa condição é a obesidade. Por esse motivo, a perda de peso pode auxiliar no controle do diabetes”, acrescenta a médica.
O terceiro tipo, o diabetes gestacional, é diagnosticado pela primeira vez durante a gestação. É a ação inadequada da insulina pela produção aumentada de alguns hormônios, principalmente pela placenta, que fazem com que haja mais dificuldade de metabolização do açúcar nessas mulheres.
De acordo com a endocrinologista, os fatores para essa condição podem estar relacionados ao peso ou a uma tendência familiar. “Geralmente, o diabetes gestacional some após o parto, mas as mulheres que tiveram diabetes gestacional têm uma chance aumentada de desenvolver o tipo 2 ao longo da vida”, esclarece.